Homenagem a Walcir Carrasco, tecelão de histórias e pensador livre, que ama a solidão...
Às vezes, pode-se estar em meio a muitas pessoas e, no
entanto, sentir-se só. Essa solidão mostra falta de interação com as outras
pessoas que pode vir de diversos motivos, dependendo da história de vida do
sujeito e das experiências que teve.
Tais afirmações são simplistas, oriundas do senso comum.
Mas nesse momento, estou falando da solidão necessária de
pessoas introvertidas que tem um mundo interior bem amplo e que gostam de
meditar ou escrever, pensadores livres.
Essas pessoas são valiosas, porque escrevem a história do
mundo, dos sentimentos e das idéias, do conhecimento sócio histórico adquirido, da ciência e da
tecnologia.
Sem essas pessoas nossa história comum, de seres humanos
comuns ficaria perdida e jamais saberíamos os fragmentos da história cotidiana
de cada um que influiu, com seus pensamentos e ideais na construção do mundo das idéias, da
energia psíquica que se transforma em matéria.
Não gosto de determinadas passagens do ano, pois sentimos
obrigados a sair da solidão abençoada que instrui o processo criativo e
sentirmos ou representarmos uma falsa alegria, confraternizando com pessoas que
fazem parte de nossa família ou que não conseguimos estabelecer pontes de
conhecimento e afinidades, ignorando os conflitos que aconteceram durante o ano
inteiro.
A única coisa que permanece como memória vívida, segundo
estudos psicológicos, é a história de sofrimento de cada um. Pode-se perdoar,
mas nunca esquecer.
O princípio do perdão é indispensável, mas não significa que
ao perdoarmos, podemos ignorar o mal que essa pessoa pode nos trazer, ao
confundir nosso perdão como tolice de gente que não se dá ao valor.
O escritor de histórias é um pensador livre que traz para o mundo
real, personalidades que existem em sua imaginação ou na sua realidade ou que
podem estar no mundo espiritual e precisa que sua história seja revivida como
ensinamento.
Nem todas as histórias precisam ter final feliz. Pois sentimentos,
como a felicidade é um estado imaginário que nos permitimos sentir de vez em
quando, pois a vida é isso: tristezas, dissabores, decepções, alegrias,
gratidão e reconhecimento.
Alguns pensadores livres são pessoas estranhas, que
preferem a solidão. muitas vezes,
tristonhas, pois veem o mundo de forma diferente, lendo a alma das pessoas e não querem ser como a massa: querem manter a
sua integridade, respeitando seus limites. Aprendem a perdoar, mas identificam
as pessoas tóxicas, vampiros de energia psíquica e procuram evita-las para que
seu padrão de energia básica seja mantido.
Admiro essas pessoas, que para mim, são as mais valiosas.
O ponto de equilíbrio do mundo, pois conseguem registrar sentimentos e acontecimentos
para o sentido e o significado de cada experiência ou sinalizar para que se
abram novos caminhos, novas estruturas , pois sinto que se a nossa evolução
biológica já chegou ao seu final, nosso processo de percepção do mundo e suas
dimensões está no início.
O escriba é valioso, como também é valioso o leitor e o
processo de leitura e escrita para fins didáticos se formam com esses elos: escrever
e ler, ler o que se escreve.
Mas para escrever, é necessária a solidão, necessária e
bendita, para que as idéias possam fluir e tecer a colcha de retalhos da vida,
também chamados de fragmentos.
(Não quero holofotes, quero a solidão e o silêncio de pensar e aprender )
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