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domingo, 3 de janeiro de 2016

O discurso de Marilena Chauí e o filme “Que horas ela volta?”





A primeira indagação que fiz sobre o filme “Que horas ela volta?” foi sobre o significado do título do filme.
Depois, extrai o significado quando a personagem Jéssica revelou que esperou a mãe ou a avó toda a sua convivência e perguntava sempre que horas voltaria. Posteriormente, ao assistir o filme, percebi que o título não poderia ser mais bem escolhido. A empregada doméstica que mora no emprego não tem hora para voltar porque não tem hora para sair, ou melhor, não pode sair, porque tem que ficar a disposição dos seus empregadores.
E precisa aprender a ser tratada como uma cidadã de segunda classe a quem todos os deveres são impostos e nenhum direito é oferecido.
As cenas do filme ilustram bem essa sentença: até para pegar o copo de água recorrem à empregada e como afirma a personagem: ter noção da própria insignificância e recusar os quitutes dos patrões quando oferecem por polidez.
Ao buscar um fundamento científico que poderia se juntar aos eventos do filme, logo me recordei de Marilena Chauí e seu “ódio” pela classe média.
A filósofa sempre, de uma forma inflamada tem a seguinte fala sobre a Burguesia: “A classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta, e é uma abominação cognitiva porque é ignorante.”
Minha crítica a essa posição é a de que o ponto de vista é sempre a vista de um ponto. Ao conviver com os burgueses, menina vinda da lavoura, aprendi uma porção de coisas sobre o que se deve ser e o que não se deve ser. Ensinamentos preciosos que não podem ser ignorados.
E logo, o inesquecível Lula me vem à cabeça: Um proletário, duramente rejeitado pela classe média por causa da sua origem humilde e seu pouco conhecimento acadêmico, quando se transformou em um burguês, esqueceu-se da origem e começou a usar indevidamente os recursos que poderiam ser destinados a alimentação, à saúde, a educação de crianças e famílias que vivem em situação de risco.
Dessa forma, representado ou administrando a sua equipe política que registrou na história do Brasil, um dos maiores índices de corrupção e desvio de dinheiro público.
Assim, mesmo no filme, observa-se a postura da vestibulanda de Arquitetura em relação a sua avó, não a ajudando, como se estivesse já ocupando um lugar melhor, pela tentativa de ascensão social a que se propunha.
Como se tem observado, o discurso de Marilena Chauí não salva os desafortunados do Brasil, nem a má gestão da presidente Dilma.
Os discursos da esquerda e suas atitudes  tem se mostrado vazios e nocivos pelo que tem trazido ao Brasil.
Ainda um questionamento principal sobre a eficácia do Prouni, as cotas das Universidades, bandeira do PT: negros e pobres sentados nos bancos das Universidades públicas e particulares,” como nunca se havia visto na história desse país”.
Mas se, hipoteticamente,  são pessoas que não apresentam condições biológicas ou cognitivas para acompanhar o ensino que é dado, forma-se outro nó na questão que se torna difícil desatar.
Aliás, essa premissa pode ser facilmente descontruída se a considerarmos como um dos argumentos da burguesia para interromper a luta pela ascenção social das classes populares.

E o final do filme, de forma imprecisa, coloca nas mãos da empregada um ato de rebeldia contra o sistema: furtar da patroa um jogo de xícaras que foi comprado para ocasiões especiais.
Esse ato compromete as boas intenções do filme, caso tivesse alguma: a mensagem que passa é que os pobres viram ladrões quando manifesta a rebeldia e a ruptura contra o sistema desigual que os sujeitam.
Concluindo o que se aprende é a luta pela sobrevivência, os discursos de ódio, o reconhecimento do que é aprender a viver, passa pelo mesmo viés: a luta pela sobrevivência e essa é a verdadeira vida.
A Vida como ela é.



https://youtu.be/H1nZeCncZps





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