Como tenho estudado muito, não me sobra tempo para escrever
e manter meu diário virtual nesse Blog que descreve a Vida como ela é, aos
moldes de Nelson Rodrigues.
Deixaria passar , sem comentário algum, esse frenesi pela propaganda desse filme e
desse livro chamado “50 tons de cinza”, se a minha verve feminista não tivesse
sido atingida no âmago.
Localizo um retrocesso muito grande na luta séria pela
igualdade de Gêneros promovida pelas Universidades e Centros de Defesa e
Proteção a mulher.
Enojam-me os códigos de poder dessa obra, que reduzem a
mulher num amontoado de sensualidade e submissão, trabalhada para ser explorada
e violentada.
Há uma falta de dignidade muito grande nessa personagem ao
se sujeitar aos abusos do homem infantilizado e debilóide com a sua
personalidade imatura e doentia que quer exercer poder sobre a alma e o corpo
de uma moça que se deixa submeter.
São mensagens subliminares que nos empurram, a nós,
mulheres, para o fundo do poço, na qualidade de objeto de prazer e despudor,
onde toda a essência é subjugada a uma
velha hierarquia que padece de cultura , sentido e significado;
Não vi o filme e nem li o livro, o que sei sobre essa obra
são as sinopses e os comentários espalhados pela Internet.
Vem-me tristemente a lembrança as figuras trágicas de Elisa
Samúdio e da simples mulher da periferia que aparece na DP com o rosto todo
machucado pela surra que levou do marido e com sangramento porque a surra
provocou um aborto de uma gestação mal planejada.
Ecoa na minha mente a frase recente de uma acadêmica: “Como
vocês (mulheres contemporâneas, com todo o conhecimento )se submetem ao
casamento se já sabem o que significa essa relação desigual?”
Fecho os meus olhos, esforço-me para não chorar de comoção,
porque uma obra dessa ainda mais vinda das mãos de uma mulher não merece sequer
uma lágrima minha...
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