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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

50 TONS DE RETROCESSO



Como tenho estudado muito, não me sobra tempo para escrever e manter meu diário virtual nesse Blog que descreve a Vida como ela é, aos moldes de Nelson Rodrigues.
Deixaria passar , sem comentário algum, esse frenesi pela propaganda desse filme e desse livro chamado “50 tons de cinza”, se a minha verve feminista não tivesse sido atingida no âmago.
Localizo um retrocesso muito grande na luta séria pela igualdade de Gêneros promovida pelas Universidades e Centros de Defesa e Proteção a mulher.
Enojam-me os códigos de poder dessa obra, que reduzem a mulher num amontoado de sensualidade e submissão, trabalhada para ser explorada e violentada.
Há uma falta de dignidade muito grande nessa personagem ao se sujeitar aos abusos do homem infantilizado e debilóide com a sua personalidade imatura e doentia que quer exercer poder sobre a alma e o corpo de uma moça que se deixa submeter.
São mensagens subliminares que nos empurram, a nós, mulheres, para o fundo do poço, na qualidade de objeto de prazer e despudor, onde toda a  essência é subjugada a uma velha hierarquia que padece de cultura , sentido e significado;
Não vi o filme e nem li o livro, o que sei sobre essa obra são as sinopses e os comentários espalhados pela Internet.
Vem-me tristemente a lembrança as figuras trágicas de Elisa Samúdio e da simples mulher da periferia que aparece na DP com o rosto todo machucado pela surra que levou do marido e com sangramento porque a surra provocou um aborto de uma gestação mal planejada.
Ecoa na minha mente a frase recente de uma acadêmica: “Como vocês (mulheres contemporâneas, com todo o conhecimento )se submetem ao casamento se já sabem o que significa essa relação desigual?”
Fecho os meus olhos, esforço-me para não chorar de comoção, porque uma obra dessa ainda mais vinda das mãos de uma mulher não merece sequer uma lágrima minha...



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