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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

CAMINHOS DA INSERÇÃO: ESTIGMAS DA SOCIEDADE DE CLASSES, PONDERAÇÕES SOBRE LIBERDADE

Brasileira, baiana, proletária, mulata. Configuração estranha aos olhos dos aprendizes e dos mestres (preconceituosos).
Construtora, especialista,reflexiva,  Autônoma. Configuração dada no Curso de Formação.
Vivendo ente dois estímulos, um que me inferiorizava, pois não correspondia aos modelos vigentes e estereotipados e outro em que eu me apropriava da minha condição de sujeito, o da ação, do poder de compartilhar o conhecimento sócio historicamente acumulado e me construir, dentro da minha singularidade.
Como toda brasileira, observei a Hegemonia dominante regendo as normas e os olhares daquilo que é bom, certo, correto e necessário.O poder da classe média. O MUNDO DOS BRANCOS.
Todas as minhas professoras foram brancas e de uma só que eu me lembro, do tempo da Graduação, ligada a Filosofia que teve que partir para lugares onde a massificação da Identidade não estivesse (tanto) a serviço da Ideologia dominante.Onde a Cultura se sobressaísse empoderada em face de preconceitos de raça, cor e classe social. 
Foi trabalhar fora e permanecer na Formação continuada em Madri, Espanha ou Portugal, sabe-se Deus.

Outra, nem tão negra, que eu notei, não aderiu ao politicamente correto: o espichar, colorir  os cabelos e emagrecer, ditou com seu Discurso  o que era IDEOLOGIA.





Então eu entendi que não precisava disfarçar ou ignorar meu tom de pele, o encaracolado do meu cabelo, a largura do meu nariz.
E uma terceira, que coloriu uma Biblioteca, pós preconceitos e artimanhas de exclusão  e ganhou o coração das crianças de uma escola inteira.


E com a minha Identidade sócio historicamente construída, de família numerosa, dentro da minha teimosia em não permanecer a margem, poderia abrir caminho, desbravando a SELVA DE PEDRA. Tive , nos meus tempos magros, uma patroa que se chamava Lúcia, ela era professora, casada com um advogado ou dono de imobiliária, algo assim. Era o perfeito modelo burguês, neoliberal, classe média, com todos os seus preconceitos de família burguesa, brasileira, cujo sonho de consumo é viajar a Disney.
Foi na casa de pessoas assim que eu vi naturalizado o preconceito contra essa “gentinha, pobre e preta, que viceja vigorosamente à beira das calçadas da selva de pedra como flores do mal, abocanhando o dinheiro dos nossos impostos, apoderando-se da bolsa família” (preconceito atualizado).
E dentro da práxis é justamente essas florzinhas que alimentam a mesa farta, de peru e panetone dos professores menos pobrinhos, aburguesados, que arrotam caviar enquanto comem frango e alimenta um sonho nazista contra aqueles que os alimentam,no sentido próprio da palavra,  indo diariamente, com suas perninhas magras e seus corpinhos franzinos ocuparem os bancos escolares.
Foi um estágio precioso para que eu possa, agora, liberta daquele personagem da senzala, observar e construir parâmetros para lidar com pessoas assim: seu preconceito não morrerá nunca e o ódio e a luta de classes cada vez aumentará a medida em que a "ralé"  exigir direitos iguais.
E que estratégias diferenciadas não resolverão todo o problema. Será preciso inteligência.
A Sociedade de classes, em seu formato hierárquico, de pirâmide, abriga um preconceito latente e silencioso, onde tapetes são puxados em nome da legalidade político administrativa, e o Estado, representado por ícones como o falecido Secretário da Educação, destrói a vida de uma professorinha iniciante que é proletária, cujo único sonho de consumo é não depender do bolsa família, num exercício tímido de autonomia e coragem, RESILIÊNCIA.
Desejos do princípio de justiça. Em nome da Reencarnação, vejo nascendo uma baianinha paulista,  de nariz de batata,saia florida, sandália plataforma, cabelos anelados, com quatro  filhos para dar de comer, e resolve ser professora....IMPERTINENTE como toda flor que viceja a beira das calçadas, alimenta o sonho de três Faculdades, e o próximo capítulo será escrito na página da vida e do próximo post.
Exercícios da Alteridade, comandadas pela mão do TODO PODEROSO.
No palco da vida, onde os personagens são estrategicamente colocados, observar a fluidez das dinâmicas dos personagens sociais, posso tecer  minha colcha de retalhos, com meu linguajar estranho, falando de tudo um pouco.
Percebo, então, com certo pasmo, que sou construída de fora para dentro, e que tudo começou , a apropriação da palavras em um poema de João Cabral de Melo e Neto “Tecendo a manhã”.
Um tijolinho precioso foi a palavra de Clarice, “Pequena flor”.
E também, uma certa FOLHA, com seus articulistas burguesões , uns bem mais divertidos e outros mais violentos, foi lapidando o meu jeito de ser, ver, viver e estar.




E da minha construção de fora para dentro, admito o construir de dentro para fora, através da apropriação dos discursos da Sociedade. 
Só mais uma coisa. Mestre: a Edição da NOVA ESCOLA desse mês traz uma matéria de capa sobre o reconhecimento e o estudo da matriz africana no BRASIL. Isso é um bom começo. Vamos olhar no espelho e reconhecer um fiozinho de cabelo crespo.




Mas chega de prosa! O senso comum acabou de me avisar que quem gosta de conversa é PSICOLÓGO.
Psicologia? Xiiiiiii....
(Nem publicaram minha nota da NP2 , prova presencial, outro ponto de conflito....)









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