Brasileira, baiana, proletária,
mulata. Configuração estranha aos olhos dos aprendizes e dos mestres
(preconceituosos).
Construtora, especialista,reflexiva, Autônoma. Configuração dada no Curso de
Formação.
Vivendo ente dois estímulos, um que me
inferiorizava, pois não correspondia aos modelos vigentes e estereotipados e
outro em que eu me apropriava da minha condição de sujeito, o da ação, do poder
de compartilhar o conhecimento sócio historicamente acumulado e me construir,
dentro da minha singularidade.
Como toda brasileira, observei a
Hegemonia dominante regendo as normas e os olhares daquilo que é bom, certo,
correto e necessário.O poder da classe média. O MUNDO DOS BRANCOS.
Todas as minhas professoras foram
brancas e de uma só que eu me lembro, do tempo da Graduação, ligada a Filosofia
que teve que partir para lugares onde a massificação da Identidade não
estivesse (tanto) a serviço da Ideologia dominante.Onde a Cultura se sobressaísse empoderada em face de preconceitos de raça, cor e classe social.
Foi trabalhar fora e permanecer na
Formação continuada em Madri, Espanha ou Portugal, sabe-se Deus.
Outra, nem tão negra, que eu notei, não aderiu ao
politicamente correto: o espichar, colorir os cabelos e emagrecer, ditou com seu
Discurso o que era IDEOLOGIA.
Então eu entendi que não precisava
disfarçar ou ignorar meu tom de pele, o encaracolado do meu cabelo, a largura
do meu nariz.
E uma terceira, que coloriu uma Biblioteca,
pós preconceitos e artimanhas de exclusão e ganhou o coração das crianças de uma escola
inteira.
E com a minha Identidade sócio historicamente
construída, de família numerosa, dentro da minha teimosia em não permanecer a
margem, poderia abrir caminho, desbravando a SELVA DE PEDRA. Tive , nos meus
tempos magros, uma patroa que se chamava Lúcia, ela era professora, casada com
um advogado ou dono de imobiliária, algo assim. Era o perfeito modelo burguês,
neoliberal, classe média, com todos os seus preconceitos de família burguesa, brasileira,
cujo sonho de consumo é viajar a Disney.
Foi na casa de pessoas assim que eu vi
naturalizado o preconceito contra essa “gentinha, pobre e preta, que viceja
vigorosamente à beira das calçadas da selva de pedra como flores do mal, abocanhando
o dinheiro dos nossos impostos, apoderando-se da bolsa família” (preconceito atualizado).
E dentro da práxis é justamente essas
florzinhas que alimentam a mesa farta, de peru e panetone dos professores menos
pobrinhos, aburguesados, que arrotam caviar enquanto comem frango e alimenta um
sonho nazista contra aqueles que os alimentam,no sentido próprio da palavra, indo diariamente, com suas perninhas magras e
seus corpinhos franzinos ocuparem os bancos escolares.
Foi um estágio precioso para que eu
possa, agora, liberta daquele personagem da senzala, observar e construir
parâmetros para lidar com pessoas assim: seu preconceito não morrerá nunca e o
ódio e a luta de classes cada vez aumentará a medida em que a "ralé" exigir
direitos iguais.
E que estratégias diferenciadas não resolverão
todo o problema. Será preciso inteligência.
A Sociedade de classes, em seu formato
hierárquico, de pirâmide, abriga um preconceito latente e silencioso, onde
tapetes são puxados em nome da legalidade político administrativa, e o Estado,
representado por ícones como o falecido Secretário da Educação, destrói a vida
de uma professorinha iniciante que é proletária, cujo único sonho de consumo é
não depender do bolsa família, num exercício tímido de autonomia e coragem,
RESILIÊNCIA.
Desejos do princípio de justiça. Em
nome da Reencarnação, vejo nascendo uma baianinha paulista, de nariz de batata,saia florida, sandália
plataforma, cabelos anelados, com quatro filhos para dar de comer, e resolve ser
professora....IMPERTINENTE como toda flor que viceja a beira das calçadas,
alimenta o sonho de três Faculdades, e o próximo capítulo será escrito na
página da vida e do próximo post.
Exercícios da Alteridade, comandadas
pela mão do TODO PODEROSO.
No palco da vida, onde os personagens
são estrategicamente colocados, observar a fluidez das dinâmicas dos
personagens sociais, posso tecer minha
colcha de retalhos, com meu linguajar estranho, falando de tudo um pouco.
Percebo, então, com certo pasmo, que
sou construída de fora para dentro, e que tudo começou , a apropriação da
palavras em um poema de João Cabral de Melo e Neto “Tecendo a manhã”.
Um tijolinho precioso foi a palavra de
Clarice, “Pequena flor”.
E também, uma certa FOLHA, com seus
articulistas burguesões , uns bem mais divertidos e outros mais violentos, foi
lapidando o meu jeito de ser, ver, viver e estar.
E da minha construção de fora para dentro,
admito o construir de dentro para fora, através da apropriação dos discursos da Sociedade.
Só mais uma coisa. Mestre: a Edição da
NOVA ESCOLA desse mês traz uma matéria de capa sobre o reconhecimento e o
estudo da matriz africana no BRASIL. Isso é um bom começo. Vamos olhar no
espelho e reconhecer um fiozinho de cabelo crespo.
Mas chega de prosa! O senso comum
acabou de me avisar que quem gosta de conversa é PSICOLÓGO.
Psicologia? Xiiiiiii....
(Nem publicaram minha nota da NP2 , prova presencial, outro ponto de conflito....)
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