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sexta-feira, 18 de abril de 2014

"Alfabetização na mira" Reportagem da Revista Nova Escola de Abril de 2014






Uma reação racional diante das angústias de ser Docente, é refletir sobre as contribuições dessa Reportagem p. 90 a 92 da revista Nova Escola de Abril:
Lê-se:
PNAIC traz avanços ao formar professores, mas a diversidade de teorias prejudica resultados.
São vários os depoimentos alguns favoráveis e outros não. O resgate ainda é a questão teoria versus prática.
Reflito se os avanços ou os retrocessos não poderiam se despir dessa visão adultocentrica e aproximar-se da realidade do aluno e ter menos dureza com os professores diante dos resultados que seus alunos apresentam. 
Crianças insistem em suas hipóteses ou em seus erros até que observe por si mesma que a sua vontade não precisa ser imposta se há uma regra comum a todas as pessoas.
Poderíamos citar os estudos de Lawrence Kholberg para a moralidade das regras, com esse viés adaptativo: o da aprendizagem da Alfabetização e Letramento.
No 5º Ano do Ensino Fundamental, por exemplo, há crianças que estão lutando contra a heteronomia ( sujeitar-se a vontade de terceiros) para manter a anomia (ausência total de regras).
O equilíbrio seria a autonomia , gerir a própria vida, observando que há regras comuns para todos que necessitam ser cumpridas pois há sanções caso não sejam cumpridas e interferem na harmonia do todo.
Trabalho atualmente em uma classe de 5º Ano  que é herança de uma Professora afetiva que teve como ponto de apoio as relações de proximidade a meu ver, excessivas  com os familiares das crianças e tolerava, até certo ponto , segundo relato dos alunos, comportamentos avessos as regras escolares.
Em contraponto, estão os Regulamentos da Escola, dos Professores e dos alunos formalizados em papel e tinta e colados nos cadernos.
Sem contar a avaliação externa, da Comunidade e da população.
Para uma advogada , o fato do Professor não conseguir ensinar seu aluno ou aluna é incompetência e ponto final.
Das brechas da Lei, extraiu o seguinte raciocínio: admito o direito da Professora mas se há um sistema hierárquico e valorativo para vigiar e punir, não há como validar esse Direito em face das adversidades.
Nessa classe, minha reação enquanto Docente, é avessa a tudo o que a outra construiu.
Meu exercício docente é construído em cima da responsabilidade de formar e informar, o que a outra fez com competência, mas trilhando outros caminhos.
 A responsabilidade é grande: 5º Ano do Ensino Fundamental, duas avaliações externas a serem cumpridas e total anomia por parte das crianças, que parecem que construirão vínculos comigo se eu for "boazinha" e "legal", deixa-los a vontade.
Dessa forma, dos conflitos que são gerados, para manter aquele estado de permissividade, alunos e alunas começam a inventar coisas que não foram faladas ou feitas, para trazer aquela professora "tão legal" de volta.
Familiares ainda querendo esse resgate da Professora como segunda mãe, membro familiar e eu não sou assim.
Separar as duas coisas para mim, é de fundamental importância.
A seriedade da função acadêmica não combinará com essa intimidade familiar e até certo ponto desrespeitosa do papel da Professora enquanto profissional.
Nas classes de Alfabetização, a postura era a mesma: os momentos de afetividade e de brincadeiras vinha imbuído de seriedade , pois a figura da "professora palhaça", que faz "graça para manter o emprego" (palavras de um aluno que entrou no meu cérebro como uma faca afiada) , não funciona comigo.
Momentos divertidos não são planejados, eles acontecem pela espontaneidade.
É aquele momento em que relação professor-aluno fluiu para a camaradagem respeitosa, em que se acha graça no cotidiano e na beleza das pequenas surpresas do dia a dia: um acontecimento engraçado, uma fala sem pensar, etc.
Essa relação se constrói no respeito.
O MEC, por mais bem intencionado do que esteja, não pode ficar despejando teorias em cima de uma realidade fluida e dinâmica que é o ethos da sala de aula.
Uma das professoras da Reportagem verbalizou o que metade dos professores gostariam de ter verbalizado, caso reunissem coragem para isso:
"A formação do PNAIC não trouxe muita novidade para mim, que até o ano passado só tinha lecionado para o 2º ano. Acho que isso ocorreu porque participei de outras formações. Com o PACTO, só dei continuidade ao excelente trabalho realizado na Rede" .
Marisa Garcia, doutora em Educação da FAMESP também faz algumas considerações:
" O material didático é ruim, algo próximo da cartilha... ", ...." O programa está centrado só no ensino, e não no processo de aprendizagem, ele não leva em conta o tempo em que a criança precisa para se apropriar do sistema de escrita"..
Como elementos para ponderar, está a relação de paternalismo do Estado e a postura de algumas profissionais da Educação em manter o exercício docente e as relações de sala de aula como algo próximo as relações domésticas.










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