Foucault, em seu livro, “A história
da sexualidade”, afirma que a sexualidade sempre foi reprimida em nomes de
outros interesses.
Estudar de forma acadêmica as
questões que tangem Gênero e Sexualidade já coloca a pesquisadora em uma
situação delicada.
Confunde-se o interesse do objeto de
estudo como referencial da tessitura que domina interesses políticos,
econômicos e históricos para a composição da civilização com um interesse de
outra natureza.
No entanto, a pesquisa acadêmica não
dá margem para comportamentos que pertencem a vida privativa. Não é do
interesse, das finalidades e nem do
objeto da pesquisa e seu objetivo estudar a sexualidade das pessoas que se
interessam por esse tema.
Estudar Gênero e Sexualidade é um
recorte do social, das forças que regem as relações de poder dentro de uma
sociedade para adquirir conhecimento.
Tem-se um panorama claro da repressão
sexual, da família e da infância inventada para promover os interesses da
Burguesia.
A Burguesia, como intitula Foucalt “
é negocista e contabilizadora, e controla enfaticamente o discurso sobre o
sexo, normatizando-o (FOUCALT, p.13,1999).
As normas estabelecidas forçam até
essa justificativa para não fomentar problemas particulares oriundos do
preconceito de gente reprimida que tem seus valores morais calcados na letra da
religião, das convenções sociais, da Hipocrisia que é gerada e alimentada todos
os dias no seio dessa sociedade constituída e organizada.
Ainda estamos no tempo que, para estudar,dependendo da posição social e
da profissão, é necessário e importante esclarecer os interesses.
O que causa certo desconforto, depois
de tantos dilemas, é ler, na Revista Veja de Julho desse ano, uma socióloga
inglesa chamada Catherine Hakim, dizer o seguinte das mulheres contemporâneas:
“Elas querem um marido rico” (p.112,
VEJA, 2012).
A autora de tal frase é pesquisadora
da London School of Economics por duas décadas e uma das mais respeitadas
estudiosas da inserção feminina no mercado de trabalho.
Quais são os parâmetros que guiam
essa socióloga?
Igualdade entre os sexos? Bobagem.
Marido? De preferência rico.
Barriga de aluguel? Um fluxo de
receita inexplorado.
Essas teses foram compiladas em um
livro chamado “Capital Erótico”(Ed. Best Business, 2012).
A autora ensina que a beleza e a
sensualidade feminina devem ser usadas para gerar capital.Afirma ainda, que os
belos devem ganhar mais.
Quando fala de Feminismo, aponta
acusadoramente para as feministas radicais, que adotam o feminismo vítima, no
qual,segundo ela, as mulheres sempre saem perdendo.
As intelectuais francesas e
alemãs,segundo a estudiosa, reconhecem e valorizam o capital erótico feminino.
E as feministas anglo saxãs rejeitam tudo o que está
relacionado ao sexo e ao prazer e tem aversão pela beleza.
Para a socióloga, a maioria das
mulheres preferem ficar em casa, se tornando uma dona de casa “á toa”.
De certa forma, esse é um golpe de
misericórdia para a tese de Marta Suplicy, quando apregoa a necessidade das
meninas e mulheres em ter um referencial de qualidade para projetarem-se na
carreira.
Quando Hakim afirma a possibilidade
de usar a capacidade reprodutora para ganhar dinheiro, como alugar a barriga,
enfatiza que se fossem os homens a engravidarem, essa prática já seria lugar
comum na sociedade constituída.
Catherine propõe uma nova perspectiva
feminista, sem hipocrisia, estimulando a feminilidade, ao invés de ignorá-la.
O manto da repressão a sexualidade já
apresenta sua primeira descostura, depois de tanto tempo maldizendo as
profissionais do sexo, demonstrando, que afinal o corpo feminino, não é apenas
objeto de desejo masculino, mas tem o valor mercadológico, numa sutileza de
escambo.
Para a mulher pobre, proletária e
trabalhadora, essa realidade apresentada é revoltante.
Ainda mais no Brasil, onde cada vez
mais as famílias são chefiadas por mulheres.
Fonte: FOUCALT Michel, "A História das sexualidades", Ed. Graal, 1999;
VEJA, Julho de 2012, Ed. Abril
VEJA, Julho de 2012, Ed. Abril
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