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segunda-feira, 23 de julho de 2012

RELAÇÃO ENTRE A SEXUALIDADE FEMININA E OS MECANISMOS DE PODER: TEORIAS FEMININAS







Foucault, em seu livro, “A história da sexualidade”, afirma que a sexualidade sempre foi reprimida em nomes de outros interesses.
Estudar de forma acadêmica as questões que tangem Gênero e Sexualidade já coloca a pesquisadora em uma situação delicada.
Confunde-se o interesse do objeto de estudo como referencial da tessitura que domina interesses políticos, econômicos e históricos para a composição da civilização com um interesse de outra natureza.
No entanto, a pesquisa acadêmica não dá margem para comportamentos que pertencem a vida privativa. Não é do interesse, das finalidades  e nem do objeto da pesquisa e seu objetivo estudar a sexualidade das pessoas que se interessam por esse tema.
Estudar Gênero e Sexualidade é um recorte do social, das forças que regem as relações de poder dentro de uma sociedade para adquirir conhecimento.
Tem-se um panorama claro da repressão sexual, da família e da infância inventada para promover os interesses da Burguesia.
A Burguesia, como intitula Foucalt “ é negocista e contabilizadora, e controla enfaticamente o discurso sobre o sexo, normatizando-o (FOUCALT, p.13,1999).
As normas estabelecidas forçam até essa justificativa para não fomentar problemas particulares oriundos do preconceito de gente reprimida que tem seus valores morais calcados na letra da religião, das convenções sociais, da Hipocrisia que é gerada e alimentada todos os dias no seio dessa sociedade constituída e organizada.
Ainda estamos no tempo que,  para estudar,dependendo da posição social e da profissão, é necessário e importante esclarecer os interesses.
O que causa certo desconforto, depois de tantos dilemas, é ler, na Revista Veja de Julho desse ano, uma socióloga inglesa chamada Catherine Hakim, dizer o seguinte das mulheres contemporâneas:
“Elas querem um marido rico” (p.112, VEJA, 2012).
A autora de tal frase é pesquisadora da London School of Economics por duas décadas e uma das mais respeitadas estudiosas da inserção feminina no mercado de trabalho.
Quais são os parâmetros que guiam essa socióloga?
Igualdade entre os sexos? Bobagem.
Marido? De preferência rico.
Barriga de aluguel? Um fluxo de receita inexplorado.
Essas teses foram compiladas em um livro chamado “Capital Erótico”(Ed. Best Business, 2012).
A autora ensina que a beleza e a sensualidade feminina devem ser usadas para gerar capital.Afirma ainda, que os belos devem ganhar mais.
Quando fala de Feminismo, aponta acusadoramente para as feministas radicais, que adotam o feminismo vítima, no qual,segundo ela, as mulheres sempre saem perdendo.
As intelectuais francesas e alemãs,segundo a estudiosa, reconhecem e valorizam o capital erótico feminino.
E as feministas anglo saxãs  rejeitam tudo o que está relacionado ao sexo e ao prazer e tem aversão pela beleza.
Para a socióloga, a maioria das mulheres preferem ficar em casa, se tornando uma dona de casa “á toa”.
De certa forma, esse é um golpe de misericórdia para a tese de Marta Suplicy, quando apregoa a necessidade das meninas e mulheres em ter um referencial de qualidade para projetarem-se na carreira.
Quando Hakim afirma a possibilidade de usar a capacidade reprodutora para ganhar dinheiro, como alugar a barriga, enfatiza que se fossem os homens a engravidarem, essa prática já seria lugar comum na sociedade constituída.
Catherine propõe uma nova perspectiva feminista, sem hipocrisia, estimulando a feminilidade, ao invés de ignorá-la.
O manto da repressão a sexualidade já apresenta sua primeira descostura, depois de tanto tempo maldizendo as profissionais do sexo, demonstrando, que afinal o corpo feminino, não é apenas objeto de desejo masculino, mas tem o valor mercadológico, numa sutileza de escambo.
Para a mulher pobre, proletária e trabalhadora, essa realidade apresentada é revoltante.
Ainda mais no Brasil, onde cada vez mais as famílias são chefiadas por mulheres.



Fonte: FOUCALT Michel, "A História das sexualidades", Ed. Graal, 1999;
VEJA, Julho de 2012, Ed. Abril





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