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sábado, 21 de julho de 2012

A crítica de Marta Suplicy as meninas mães






Marta Suplicy escreveu no Jornal de hoje Folha de São Paulo, sobre mulheres que não tem futuro por terem sido  meninas que foram  viver uma vida conjugal antes dos quatorze anos,  por incentivo de seus pais, que querem arrumar alguém que as sustente.
Tal crítica mexe  diretamente com as Políticas de Gênero e Sexualidade, que deveriam ter mais incentivo nas Universidades, principalmente as públicas.
Tais  Políticas deveriam desviar em parte, o foco das questões e confrontos que enfrentam organizações como , LGBTTTs, é o acrónimo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e    Transgêneros (o 's' se refere aos simpatizantes) e se ocupar mais desse fosso que é a questão de desigualdade de Gênero relativo a mulher brasileira.
No último evento sobre o assunto que fui, na UNESP de Assis, os assuntos estavam relacionados mais a homofobia do que a condição da mulher.
Essa questão da mulher ainda fica encoberta por outros assuntos que parecem ter mais importância, já que as forças ideológicas e hegemônicas não querem discutir o assunto das condições da mulher (brasileira, pobre, preta, parda)  em si.
Mary Del Priore,estudiosa do assunto, trata da sexualidade do brasileiro em seus livros, onde ensina que essa orientação para a sexualidade precoce vem desde a época da colonização, prevalecendo o poder patriarcal versus submissão feminina.
Sempre foi destinado as mulheres um espaço onde são como peças de um jogo, no Teatro da vida.
E mexe com a questão da Identidade cristalizada: você só pode ser aquilo que seu lugar social representa.
As barreiras que se enfrentam para ocupar um lugar na Sociedade e ter uma profissão são mais ligadas a preconceito de Gênero, etnia, condição econômica, histórico de vida do que propriamente a abertura das normas das Instituições para acolher essas mulheres.
Nas  séries iniciais do Ensino Fundamental, escuto meninas falando que “não querem estudar e nem passar de ano, pois não trabalharão fora, apenas cuidarão do marido e dos filhos”.
Na cidade interioriana onde atualmente moro, acompanho a vida das meninas que concluíram o Ensino Médio: muitas delas engravidaram dos namorados e estão amasiadas com os mesmos.
O estudo para elas é apenas uma maneira de se ocupar até chegar a idade da reprodução e do amasiamento para ir morar com alguém que lhes compre comida e lhes dê uma surra por dia.
“Ruim com ele, pior sem ele.”
Ter uma mulher na Presidência da República não refresca em nada as situações que se repetem no cotidiano.
Programas como “Bolsa família” e “Brasil carinhoso” apenas atenua esse quadro de miséria social e moral.
Compreendo que é só isso que Dilma pode fazer.
E me pergunto:
O que eu, como cidadã, posso fazer, de real, racional e concreto, sem apelar para as forças da Demagogia?
Tentar, através de orientação educativa , modificar o rumo que as meninas que eu conheço possam dar as suas vidas.
Lamentar muito as piadinhas envolvendo mulheres pobres, negros e outras minorias sociais que encontro todo dia nas Redes sociais, como o Facebook.
E dizer que eu tenho imensa vergonha de algumas mulheres que, ocupando postos de comando ou postos acadêmicos, ainda insistem na visão de um Brasil colonizado,preconceituoso, onde pessoas desfavorecidas ainda são alvos de chacota e piadinhas, reforçando com suas  atitudes esse referencial.
Meninas mães, mulheres sem futuro, o feminino que estraga o seu destino agindo pelos condicionantes sociais só podem ser amparadas e evoluídas graças a força que tem o Conhecimento.
Para muitas, chega tarde, para outras chega tarde demais e algumas nem chegam a conhecer.
Mas nem sempre as mulheres mães, mulheres professoras e outras, podem interferir nas escolhas que 
as meninas fazem de sua vida.
Marta Suplicy pode pensar que falta a essas meninas mães um trabalho, independência financeira, mas esquece de pensar que, de acordo com os valores delas, dos seus condicionantes sociais, o que interessa é achar um sapo desencantado que dê a elas o prazer e o poder de procriar, estabelecendo sentido para as suas pobres, sofridas e felizes vidas.
Tirar dos seus ombros o peso da culpa, pois quem quer alcançar um capital cultural e material tem capacidades para isso, se esse for o seu desejo.
Mas o desejo dessas marias é serem mães e esposas, viverem a sombra de sapos desencantados que elas inventam que são príncipes.












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