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Marta Suplicy
escreveu no Jornal de hoje Folha de São Paulo, sobre mulheres que não tem
futuro por terem sido meninas que foram viver uma vida conjugal antes dos quatorze
anos, por incentivo de seus pais, que
querem arrumar alguém que as sustente.
Tal crítica
mexe diretamente com as Políticas de
Gênero e Sexualidade, que deveriam ter mais incentivo nas Universidades, principalmente
as públicas.
Tais Políticas deveriam desviar em parte, o foco
das questões e confrontos que enfrentam organizações como , LGBTTTs, é o acrónimo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (o 's' se refere aos simpatizantes) e se ocupar mais desse fosso que é a
questão de desigualdade de Gênero relativo a mulher brasileira.
No último
evento sobre o assunto que fui, na UNESP de Assis, os assuntos estavam
relacionados mais a homofobia do que a condição da mulher.
Essa questão
da mulher ainda fica encoberta por outros assuntos que parecem ter mais importância,
já que as forças ideológicas e hegemônicas não querem discutir o assunto das
condições da mulher (brasileira, pobre, preta, parda) em si.
Mary Del
Priore,estudiosa do assunto, trata da sexualidade do brasileiro em seus livros,
onde ensina que essa orientação para a sexualidade precoce vem desde a época da
colonização, prevalecendo o poder patriarcal versus submissão feminina.
Sempre foi destinado
as mulheres um espaço onde são como peças de um jogo, no Teatro da vida.
E mexe com a
questão da Identidade cristalizada: você só pode ser aquilo que seu lugar
social representa.
As barreiras
que se enfrentam para ocupar um lugar na Sociedade e ter uma profissão são mais
ligadas a preconceito de Gênero, etnia, condição econômica, histórico de vida
do que propriamente a abertura das normas das Instituições para acolher essas
mulheres.
Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, escuto meninas falando que “não querem estudar e nem passar de ano,
pois não trabalharão fora, apenas cuidarão do marido e dos filhos”.
Na cidade
interioriana onde atualmente moro, acompanho a vida das meninas que concluíram o
Ensino Médio: muitas delas engravidaram dos namorados e estão amasiadas com os
mesmos.
O estudo
para elas é apenas uma maneira de se ocupar até chegar a idade da reprodução e
do amasiamento para ir morar com alguém que lhes compre comida e lhes dê uma
surra por dia.
“Ruim com
ele, pior sem ele.”
Ter uma mulher
na Presidência da República não refresca em nada as situações que se repetem no
cotidiano.
Programas
como “Bolsa família” e “Brasil carinhoso” apenas atenua esse quadro de miséria
social e moral.
Compreendo
que é só isso que Dilma pode fazer.
E me
pergunto:
O que eu, como
cidadã, posso fazer, de real, racional e concreto, sem apelar para as forças da
Demagogia?
Tentar, através de orientação educativa , modificar o rumo que as meninas que eu conheço possam dar as suas vidas.
Lamentar muito
as piadinhas envolvendo mulheres pobres, negros e outras minorias sociais que
encontro todo dia nas Redes sociais, como o Facebook.
E dizer que
eu tenho imensa vergonha de algumas mulheres que, ocupando postos de comando ou
postos acadêmicos, ainda insistem na visão de um Brasil
colonizado,preconceituoso, onde pessoas desfavorecidas ainda são alvos de
chacota e piadinhas, reforçando com suas
atitudes esse referencial.
Meninas
mães, mulheres sem futuro, o feminino que estraga o seu destino agindo pelos
condicionantes sociais só podem ser amparadas e evoluídas graças a força que
tem o Conhecimento.
Para muitas,
chega tarde, para outras chega tarde demais e algumas nem chegam a conhecer.
Mas nem
sempre as mulheres mães, mulheres professoras e outras, podem interferir nas
escolhas que
as meninas fazem de sua vida.
as meninas fazem de sua vida.
Marta
Suplicy pode pensar que falta a essas meninas mães um trabalho, independência
financeira, mas esquece de pensar que, de acordo com os valores delas, dos seus
condicionantes sociais, o que interessa é achar um sapo desencantado que dê a
elas o prazer e o poder de procriar, estabelecendo sentido para as suas pobres,
sofridas e felizes vidas.
Tirar dos
seus ombros o peso da culpa, pois quem quer alcançar um capital cultural e
material tem capacidades para isso, se esse for o seu desejo.
Mas o desejo
dessas marias é serem mães e esposas, viverem a sombra de sapos desencantados
que elas inventam que são príncipes.
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