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domingo, 29 de janeiro de 2012

Conflitos entre o "self" e o real


Gestão da Educação Básica com qualidade

O meu olhar vai além das desigualdades econômicas construídas em bases de preconceitos e paradigmas.
Os paradigmas limitam as pessoas, presas ao seu universo conceitual, onde são como bois no matadouro.
Compreendendo o homem, ou a mulher, ou a espécie humana como animais racionais, dotados de uma centelha divina, reconstruo esse olhar, para romper com paradigmas que me engessou em anos fora da escola, descrente da Educação enquanto processo de ascensão social e moral.
Quando, mais tarde, senti a necessidade de me adaptar ao mundo que eu busquei, com um marido que não gosta da Educação formal, mas que tem primos professores  e médicos ouvi, de forma paciente, as instruções de minha sogra, para que eu voltasse a estudar, ela mesmo semi-analfabeta, mas que via com um olhar animado seus sobrinhos e sobrinhas formados em professora e médico pelas Unesp  de Marília e de Botucatu. Além de mim,que completei minha Graduação, um vizinho cujo estudo lhe proporcionou um lugar de pesquisador em uma importante Universidade.
Pessoas que venceram as barreiras de uma situação economicamente desfavorecida.
Reencontrei a minha formação interrompida e meu olhar hoje, busca novas fontes de saber. Estou em um tempo que me é permitido saber e filtrar o verdadeiro valor da Educação na vida de uma pessoa.
Em conflito, resultante desse olhar que apreende mais do que devia, sendo isso um “defeito” , em um mundo que o que prevalece é a obediência a uma estrutura hierárquica pré estabelecida, resolvi estudar Gestão na Educação, para saber qual é a fundamentação teórica dos procedimentos um tanto autoritários das pessoas a que sou subordinada.
Tive uma surpresa muito grande nos conteúdos do Curso: A Gestão dos tempos modernos coincide com o que eu acredito como justo e correto na administração escolar e no trato com as pessoas.
Teorias e linhas de pensamento que me conduzem a ver o sujeito que trabalha, não como uma  máquina como Charles Chaplin, dos “Tempos Modernos”, mas como criatura cuja estrutura é humana e necessita de afeição e compreensão dos seus limites.
Preserva-se a autoridade gestora, obedecem-se as regras e as normas, trabalha-se em espírito cooperativo e solidário.
Mas não há, em momento algum, sugestão para que se registrem cada passo do funcionário e exige-se que se assine, juntando provas contra si mesmo.
Não há registros mentirosos, numa prática que lembra a Reengenharia, eliminar do quadro de funcionários, pessoas tidas como “inferiores”, baseados em sua história de vida.
Uma profissional de Psicologia me lembrou que geralmente, todas as pessoas que trabalham em uma escola pública têm sua origem nas camadas desfavorecidas e isso não é motivo válido para discriminação e preconceito, fortalecendo os meus saberes sobre o assunto.
Animo-me ao saber que a Gestão com mais qualidade está em permanente processo de reconstrução.
Talvez, esse olhar que valorize saberes e comprometimento possa começar por mim e por alguns colegas que se despiram desse olhar paradigmático preconceituoso, quando assumirmos um cargo de gestor ou gestora.
Lamento por saber que o fosso entre teoria e prática está presente também em um Curso de Gestão e que ainda há muitos olhares que precisem ser reformulados para construir uma Gestão humana, com qualidade, democrática, participativa,com elementos  equalizadores que absorvam a inserção das camadas populares , professores e alunos, nas escolas públicas e particulares.
Qualidade não é autoritarismo.


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