Vila Mulher

Blog VilaMulher
O Portal da Mulher

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Bastardos Gloriosos


BASTARDOS INGLÓRIOS
Bastardos inglórios é o nome de um filme, que não importa citar a fonte. O que me leva a escrever e a dar murros em ponta de faca é a falta de elegância do jornal que eu assino e a postura de alguns brasileiros, por causa de um artigo em que um autor ameaça não deixar os bastardos verem a luz do sol sossegados e sossegadas.
Sabemos todos que não foram poucas as vezes que o senhor feudal deitou com as suas escravas e com as suas índias, enquanto nhanhá jazia dentro da casa grande, abanando-se com o calor dos trópicos.
E até o costume cultural (bom) dos índios em tomar banho  se instalarem entre os portugueses, os europeus, o nhonhô não nhanhava com a nhanhá porque entre o cheiro de alho e suor, misturado ao odor característico das zonas baixas, nhonhô preferia o corpo nu de sol e de lua da selvagem, que vivia dentro dos rios lavando sempre a perseguida, e o cheiro limpinho da africana que era obrigada a se lavar, para não  receber o castigo do tronco porque estava a feder.
Dessa forma, a nossa ascendência foi pontuada por essas conjunções carnais calientes , na senzala, na casa grande, nas beiras dos riachos e oh, delícia, os brasileirinhos brotavam da terra misturados e isso era bom e Deus viu que isso era bom, ( nos trocentos e não sei  quantos dias da sua criação, porque nascia lorinha de cabelo Bombril e a cafuza de olhinho azul )e deixou isso acontecer;
Quem somos nós para falar de bastardos e bastardas?
Acaso o iminente autor do artigo sabe da sua real ascendência, do seu sangue azul, será que não tem um pezinho de crioula ou Iaiá a se enroscar por debaixo dos panos com a bota (fedorenta) do nhonhô, proclamando com malemolência a vontade de nhanhar?
Recomendo a ele a leitura de um livro chamado “Mulheres Brasileiras”, da Fundação Carlos Chagas, gentilmente emprestado a mim pela Arilda, cuja feição indígena remonta a um paraíso tropical onde um nhonhô nhanhou com uma indinha e perdoe-me a indiscrição...
Nesse livro, entre os títulos de nobreza e os (poucos) registros das rodas dos excluídos, com nomes importantes como Machado de Assis e que tais, estão as sementes da nossa verve.

Encerro com Milton NA COR DO HOMEM (Milton Nascimento e Fernando Brant)

Mas como pode um homem
escravizar outro homem?
O homem negro não é melhor
que o homem branco, nem pior
a pele branca não é pior
que a vermelha, nem melhor
a pele negra, branca, vermelha, amarela
é apenas a roupa que veste um homem
- animal nascido do amor
criado para pensar, sonhar e fazer
outros homens
com amor.


Nenhum comentário: