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domingo, 29 de maio de 2011

Cuidar da vida


CUIDAR DA VIDA

Existem pelo menos três formas de começar um texto que fale sobre cuidar da vida:
Adotar a linha científica e se apoiar nas palavras de Carol Gilligan e sua ética de cuidado.
Esse caminho, povoado por teorias científicas válidas pelo seu embasamento teórico que repousa sobre estudos de gente que vive mergulhada nos livros até as orelhas, não é o mais fácil de ser entendido, já que alguns jargões não são facilmente compreendidos.
E a primeira olhada, as pessoas que não tem paciência para ler com profundidade se desinteressarão do assunto.
Por outro lado, os acadêmicos, e principalmente os de Psicologia ao verem o nome de Gilligan lerão o texto com a atenção devida.
Então em primeiro lugar, devo me preocupar com o meu público leitor, antes de escrever esse texto.
Outra forma de escrever sobre como cuidar da vida é retornar as lembranças de infância e lembrar do colo da mãe, onde só o fato de estar ali já era se sentir cuidada, amada, protegida.
Estender essas lembranças para o meu entorno e me apegar aos fragmentos de dores em que mães não cumprem o que lhes é esperado e lançam suas crias fora, como se nada fossem, omitindo o fato de que são frutos de sua carne.
Apegar-me-ia aos significantes da leitura de Badinter, sobre o mito do amor materno e nesse vértice, perceberia que tudo nos é construído, de fora para dentro ou de dentro para fora e nem sempre podemos sermos autores das nossas escolhas.
E nem sempre mulheres tem construídos dentro de si o desejo de ser mãe.
Os filhos nascidos de mães desnaturadas não puderam fazer suas escolhas e nem são co-autores de sua sorte.
Estão aí, esperando que o mundo os acolha, os cuide e lhes alimente.
Mas o mundo não estava preparado para recebê-los, como não estava preparado para receber o Cristo, em sua práxis e promessa.
E ao ajudar os filhos do Mundo, devo lembrar que estou revivendo Cristo e lhe cuidando das suas chagas abertas.
Outra maneira me é ver praticando o cuidado da vida.
Semeando o amor no coração de meus filhos e filhas, tratando das suas feridas morais, físicas e espirituais.
Entendendo o amor caridade de Jesus, esse símbolo místico que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
A tradução desse cuidado é a oração por toda a escola que começa com “Bom dia, meu Deus querido”.
Nessa oração, não pedimos nada além da bênção de Deus sobre a nossa casa, nossa família e nossa escola;
E perceber na postura de meu aluno a necessidade de afeto que o move, o cabelo cortado, a roupa mais limpa, a concentração em resolver as atividades do Livro.
E aprender a Ler e a Escrever.
Tentando ser a Pedagogia do Afeto, tão bem delineada pelos românticos da Educação.
Então, nessas três formas, entre o científico, brevemente visitado, o humano que é o seio da mãe, o amor no meio da dificuldade... (E o que tinha minha mãe, na época que eu era criança? Nada a não ser o seu amor e o seu cuidado). E isso foi o mais importante.
Estarei revisitando a dor do filho jogado na caçamba do lixo, no banheiro da rodoviária, expulso do ventre da sua mãe, com a química do Cytorec, que não terá a felicidade de ser cuidado.
Almas ao meu redor, querendo um pouco de luz, eu, que estou surpreendida ao ser convocada em ser a Grande Mãe, sendo que ainda nem me desgrudei do casulo de Filha.
E as envio para a Luz, a Luz que é Jesus e sua mãe.
Como diz o Padre Jonas, até Deus quis ter a sua Mãe.
Ela é a Grande Mãe, a cuidadora da Humanidade. A Mãe de Jesus.
È com ela que conjugarei o verbo Cuidar e construirei o texto mais belo que se tem notícia.
Magnificat!






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