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domingo, 18 de abril de 2010

Eros, Tanatus e a impossibilidade dos afetos

Dos amores e das maçãs





Sei que nem toda a expressão de afeto entre seres do sexo oposto ou seres do mesmo sexo tem um happy end.

Existe a predisposição para o amor e o interesse em tecer teias para um bom relacionamento amoroso. Mas como no palco do teatro, no palco da vida, as tragédias se sucedem quando há amor passional envolvido.

Preocupo-me com o aumento da minha pressão arterial e o bombeamento do meu coração Eros é imprevisível. Ele nunca conseguiu crescer.

Como insaciável, filho de Pínia e Poros, Eros quer sempre ter, embora nunca consiga ser nem pobre nem rico.

Mas quando sua flecha atinge o alvo, são interessantes seus ardis.

Anda disfarçado sobre o manto do amor espiritualizado e subliminar, embora deseje revelar o carnal e o material.

Ah, as complicações de Eros. Mas se não fora Eros, nossa vida seria menos bela e a tentação da mordida na maçã já teria se esvaído há tempos.

(Prudência vem).

Eros é corajoso, audaz e constante. È um caçador temível, astucioso, sempre armando intrigas. Gosta de invenções e é cheio de expediente para consegui-las. É filósofo o tempo todo, encantador poderoso, fazedor de filtros, sofista. Sua natureza não é nem mortal nem imortal; no mesmo dia, em um momento, quando tudo lhe sucede bem, floresce bem vivo e, no momento seguinte, morre; mas depois retorna à vida, graças à natureza paterna. Mas tudo o que consegue pouco a pouco sempre lhe foge das mãos. Em suma, Eros nunca é totalmente pobre nem totalmente rico.

Prometeu, supervisor das atitudes humanas, mas falho por ter roubado o fogo destinado aos deuses para dá-lo ao seres humanos, deveria intervir para contestar a ação de Eros.

E todo amor de origem ilegítima deveria se sublimar para se transformar em amor platônico.

“ Amor platônico é uma expressão usada para designar um amor ideal, alheio a interesses ou gozos. Um sentido popular pode ser o de um amor impossível de se realizar, um amor perfeito, ideal, puro, casto.” (Wikipedia).

E a impossibilidade dos afetos não se circunscreve somente aos quesitos idade e posição social, mas de arranjos ou acordos feitos antes da flechada de Eros.

Mas Eros, como todo o deus pagão imprevisível, poderia, num rompante, fazer deixar beber a água da nova fonte até ela se esvair e no final, abandonar o campo e ceder o lugar a Tanatus,

Então onde havia um jardim de delícias, instaura-se um campo onde sofrimentos, rupturas se manifestam dando a vitória final a Tanatus, enquanto Eros, insaciável, continua a seguir o seu caminho, flechando os corações....

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