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sábado, 13 de setembro de 2014

SEXO E AS NEGAS












O próprio nome já denuncia o lugar comum que estratifica a mulher negra, objeto de exploração como detentora de um poder sexual de segunda classe.
É uma deturpação do seriado “Sex and city”, uma bobagem qualquer sobre americanas solteiras, esbeltas e brancas que admitem seu poderio sexual e profissional tendo relacionamentos sexuais e afetivos livres de culpas e carências.
Seria isento de culpa e inofensivo se não tivesse dado novas crias como essa tremenda bobagem de um brasileiro branco, Miguel Falabella , que segundo ele mesmo, cresceu nos subúrbios e escreveu essa série trazendo como personagens principais operárias de baixo status social.
Acredito que é a forma como a Globo encontra para eternizar a Hegemonia dominante: “Uns mandam , outros obedecem”, “uns mais iguais do que os outros”.
Há pouco que falar. É um desserviço a formação de jovens negras que identificaram na Educação um passaporte válido e não utilizarão estratégias do poder do corpo, a sexualidade extra das negras, o bodum eternizado por Jorge Amado em suas obras, falando da riqueza dos negros em suas fainas diárias.
Depois da exibição dessa série, a  imagem que ficará cristalizada nas mentes infantis é que a mulher negra tem uma clássica inferioridade em relação a mulheres brancas, que são bem nascidas e ocupam cargos com mais status.
O referente para as mulheres brancas é importado, estrangeirizado: Sex and city, o referente para a mulher negra, brasileira de baixo poder aquisitivo é amalandrado, pejorativo, prostituído, ilegal: sexo e as negas. (para que servem as negras? Para ocupar a cama de seu Sinhô, até que o satisfaça, depois são dispensadas, objeto de consumo descartável.
Para que servem as brancas? Para dominar os homens, enquanto disputam igual por igual o mercado de trabalho, colocando o sexo como componente extra de domínio exercido por elas.
Referências válidas para acompanhar o assunto é a obra de Mary Del Priore, Rose Marie Muraro e as pesquisas da Fundação Carlos Chagas sobre a mulher brasileira.
É necessário também admitir o processo civilizatório obrigatório que trazem mulheres coloridas falando bem, vestindo bem, mostrando para o mundo uma capacidade intelectual superior, saindo dos domínios do rudimentar, do primitivo, que também é parte principal da dinâmica da vida.
Vencem não porque utilizam o corpo como barganha. Mas vencem porque utilizam o poder cerebral, que é potencializador , já que vem enriquecido das experiências de vida sofrida, com cunho não necessariamente cama e mesa.
Esse seriado seria válido se a palavra “nega” não tivesse seu cunho pejorativo ou se essa bobagem pudesse mostrar os embates sociais ocorrendo em outros níveis, em outros status que não eternizassem a mulher negra como objeto sexual, objeto de cama e mesa dos sinhozinhos.
Falabella é um sinhozinho. Observa com condescendência e com enfado suas criaturas: “cresci no subúrbio, na malandragem do subúrbio, entre lavadeiras, não sou racista”.
Essa fala é contraditória e denuncia suas intenções: cresci entre a malandragem: mulheres negras seriam malandras, oferecendo o sexo como objeto de poder e prazer, já que estão destituídas de poderio econômico e social, já que são lavadeiras?
Blecaute, a Globo deveria sair do ar, diriam minhas irmãzinhas negras , empoderadas e sabedoras  da violência simbólica que traz esse desserviço.
Not the blackout, say white women, empowered social eternal. Let the sex as a domain. Sex and the city.
Falabella conseguiu o que queria: sua série está em destaque, matéria da mídia, usou mais uma vez as “negas” para ganhar dinheiro de forma inteligente.




 Fala de Falabella na íntegra

Fonte

 Fonte: 

 http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/09/1514411-seriado-sexo-e-as-negas-e-investigado-por-racismo.shtml?cmpid=%22facefolha%22









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