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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A validade dos Discursos

Fonte: Folha de São Paulo, 02/01/2014
É mais subliminar do que possa supor a fotografia do Jornal, cuja matéria se intitula “Medo de ser índio”.
Os pedágios implantados por índios foram incendiados e um indígena foi aconselhado por um policial a não entrar para o Exército, apesar de ele ter qualificações para tal.
Esse é o peso da ideologia massacrante que define quem é quem e o que é o que, confirmando and nauseaum, os valores impetrados pelos “que mandam”, para submeter os “que obedecem”.
Mas a cereja do bolo foi o artigo de opinião do Pasquale Cipro Neto, “Argumentos e contra-argumentos”,onde o autor discorre, com um fundo de verdade que quem pensa mal,  lê mal e escreve mal.
Enfatiza a necessidade da coerência na argumentação de um texto dissertativo. Em um texto dissertativo, diga-se de passagem, é necessário apresentar um ponto de vista, defender uma posição, ainda que o argumento contradiga o do autor do momento.
Na época da Faculdade, o que os alunos entendiam era  justamente isso: Na confecção do Pré Projeto de Pesquisa, não apresentar sua modesta opinião, pois o que deve prevalecer é a opinião do autor estudado.
Soa irreal a afirmativa do autor: “Os argumentos precisam sustentar-se, ter nexo e ser imunes a contra-argumentos”.
Só dar um rasante na minha psico-social ideológica filosofia de almanaque que me deparo com um Boff dizendo em alto e bom som na coletânea de discursos pululantes que emergem do imaginário coletivo e no discurso registrado:    TODO PONTO DE VISTA É A VISTA DE UM PONTO.

Não existe argumento imune a controvérsias e contra argumentações;
Também entrevejo  a forma cínica como os discursos podem ser distorcidos e utilizados para excluir ou “dar chá de sumiço” nas pequenas flores do cotidiano.
Respeitosamente, isso é bobagem. Achar que um discurso seja imune a ventos contrários.
Acabei de tocar num ponto crítico: achar, não se acha, os achismos são pecados mortais num ambiente acadêmico.
Devemos inferir, argumentar, deliberar, pendenciar, fundamentar, reflexionar, arrazoar, raciocinar, deduzir, depreender, tudo, menos achar.
Preciso entrar em consenso com esse ilustre senhor, (para que não pense mal de mim),  o qual respeito e admiro: todos os discursos serão válidos, como forma de expressão no Estado democrático de Direito.
O conhecimento científico está sendo construído pelos produtos do senso comum. São ideias elaboradas que partiram de um mecanismo simples.
Por isso mantenho um blog. Nele, posso dar vazão a meus instintos bobagentos, lançando mão dos retalhinhos (deformados) do conhecimento adquirido em todas as áreas da minha vida.
Livre.

Seria isso?

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