Uma bola de cristal sobre a mesa, cartas viradas,
campanha na Igreja evangélica, oferendas aos orixás, culto aos antepassados...
De alguma maneira, todos querem saber o caráter da
previsibilidade de seus destinos...
Desvendar os segredos do passado para planejar o futuro.
Cartas de Francisco Cândido Xavier...
A vida... Continua?
Essas ideias fazem parte da função reguladora do destino,
das ideias que podemos , de alguma forma controlar o futuro e entender o
passado, experiências do senso comum...
Para maior controle, o enfoque é no desenvolvimento da
criança, em voga para a lente de mães, pais e educadores.
Aquino (1999) enfatiza que a função reguladora para a condição
humana protege-nos da angústia de não reconhecer que não é possível saber o que
o futuro nos trará, porque isso é incerto.
O grande problema encontrado foi o caráter da previsibilidade
incutida na teoria de Piaget, de caráter organicista, para além de Piaget e
seus modelos que influem tanto nas tendências escolares.
Para o modelo organicista, desenvolvimento é mudança com
direção, tem um ponto de chegada, onde eventos anteriores estão ligados aos posteriores.
Gradualmente, ocorrem mudanças, de forma lenta e cumulativa.
Somos produtos de nossas experiências ligadas aos primeiros
anos de nossa vida. As mães são o elemento mais importante no ambiente da
criança, e tem mais probabilidade de afetar a saúde emocional dos filhos, tanto
na infância quanto ao longo de sua vida (p.59).As pessoas pensam que o que
acontece em suas vidas vem das experiências que tiveram com suas mães.
Um carvalho inteiro está contido dentro de uma bolota. Ou
uma metáfora poética: “A criança é o pai do homem”, que sugere um processo
descontínuo e transformador, repleto de problemas. A ideia de que o passado
afeta o presente está contida nessas metáforas.
Para além, obriga-se a exigir que se compreenda plenamente
o que é tempo e o que é mudança, para admitir a continuidade de um processo
ocorrendo com um organismo. A continuidade prevê uma série de coisas:
constância, uniformidade, seriação, progresso, de ramificação ideológica. Pensar
num mundo descontínuo, imprevisível, caótico cai no questionamento social e político
que o processo civilizador de Elias
(1998), procura organizar, falando da inculcação de costumes entre os séculos XIII e o século XIX.
Elias destaca que neste período da
idade média, outras instituições sociais tem um papel importante no controle
dos impulsos da criança. Destaca que é somente após a ascensão da burguesia
que:
"a família vem a ser a única instituição com a função de
instilar controle dos impulsos. Só então a dependência social da criança face
aos pais torna-se particularmente importante como alavanca para a regulação e
modelagem socialmente requeridas dos impulsos e emoções" (ELIAS, p 142).
Ao
longo do texto, Elias destaca, por exemplo, que em nossa atual sociedade (no
caso os anos 1930 na Alemanha), caracteriza-se por uma profunda discrepância
entre o comportamento dos chamados "adultos" e das crianças.
"Estas têm no
espaço de alguns anos que atingir o nível avançado de vergonha e nojo que
demorou séculos para se desenvolver. A vida instintiva delas tem que ser
rapidamente submetida ao controle rigoroso e modelagem específica que dão a
nossa sociedade seu caráter e que se formou na lentidão dos séculos."
Ele
destaca também que "os pais são apenas os instrumentos, amiúde
inadequados, os agentes primários do condicionamento." Neste ponto, Elias
retoma o que está presente no livro Sociedade dos Indivíduos, de que é sempre a
sociedade como um todo que exerce pressão sobre a nova geração, levando-a mais
perfeitamente, ou menos, para seus fins.
Um ponto de partida
perfeitamente visualizado é que em qualquer tentativa de verificar a validade
de vários modelos de desenvolvimento, a relação entre o comportamento manifesto
observado e as estruturas que o rege deve ser levado em conta.
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