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segunda-feira, 1 de julho de 2013

O passado não prediz o futuro

Uma bola de cristal sobre a mesa, cartas viradas, campanha na Igreja evangélica, oferendas aos orixás, culto aos antepassados...
De alguma maneira, todos querem saber o caráter da previsibilidade de seus destinos...
Desvendar os segredos do passado para planejar o futuro. Cartas de Francisco Cândido Xavier...
A vida... Continua?
Essas ideias fazem parte da função reguladora do destino, das ideias que podemos , de alguma forma controlar o futuro e entender o passado, experiências do senso comum...
Para maior controle, o enfoque é no desenvolvimento da criança, em voga para a lente de mães, pais e educadores.
Aquino (1999) enfatiza que a função reguladora para a condição humana protege-nos da angústia de não reconhecer que não é possível saber o que o futuro nos trará, porque isso é incerto.
O grande problema encontrado foi o caráter da previsibilidade incutida na teoria de Piaget, de caráter organicista, para além de Piaget e seus modelos que influem tanto nas tendências escolares.
Para o modelo organicista, desenvolvimento é mudança com direção, tem um ponto de chegada, onde eventos anteriores estão ligados aos posteriores. Gradualmente, ocorrem mudanças, de forma lenta e cumulativa.
Somos produtos de nossas experiências ligadas aos primeiros anos de nossa vida. As mães são o elemento mais importante no ambiente da criança, e tem mais probabilidade de afetar a saúde emocional dos filhos, tanto na infância quanto ao longo de sua vida (p.59).As pessoas pensam que o que acontece em suas vidas vem das experiências que tiveram com suas mães.
Um carvalho inteiro está contido dentro de uma bolota. Ou uma metáfora poética: “A criança é o pai do homem”, que sugere um processo descontínuo e transformador, repleto de problemas. A ideia de que o passado afeta o presente está contida nessas metáforas.
Para além, obriga-se a exigir que se compreenda plenamente o que é tempo e o que é mudança, para admitir a continuidade de um processo ocorrendo com um organismo. A continuidade prevê uma série de coisas: constância, uniformidade, seriação, progresso, de ramificação ideológica. Pensar num mundo descontínuo, imprevisível, caótico cai no questionamento social e político que o processo civilizador  de Elias (1998), procura organizar, falando da inculcação de costumes entre os séculos XIII e o século XIX.
Elias destaca que neste período da idade média, outras instituições sociais tem um papel importante no controle dos impulsos da criança. Destaca que é somente após a ascensão da burguesia que:
 "a família vem a ser a única instituição com a função de instilar controle dos impulsos. Só então a dependência social da criança face aos pais torna-se particularmente importante como alavanca para a regulação e modelagem socialmente requeridas dos impulsos e emoções" (ELIAS, p 142).

            Ao longo do texto, Elias destaca, por exemplo, que em nossa atual sociedade (no caso os anos 1930 na Alemanha), caracteriza-se por uma profunda discrepância entre o comportamento dos chamados "adultos" e das crianças.

"Estas têm no espaço de alguns anos que atingir o nível avançado de vergonha e nojo que demorou séculos para se desenvolver. A vida instintiva delas tem que ser rapidamente submetida ao controle rigoroso e modelagem específica que dão a nossa sociedade seu caráter e que se formou na lentidão dos séculos."
            Ele destaca também que "os pais são apenas os instrumentos, amiúde inadequados, os agentes primários do condicionamento." Neste ponto, Elias retoma o que está presente no livro Sociedade dos Indivíduos, de que é sempre a sociedade como um todo que exerce pressão sobre a nova geração, levando-a mais perfeitamente, ou menos, para seus fins.

Um ponto de partida perfeitamente visualizado é que em qualquer tentativa de verificar a validade de vários modelos de desenvolvimento, a relação entre o comportamento manifesto observado e as estruturas que o rege deve ser levado em conta.







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