Dia desses, Fernanda fez uma malcriação: “A professora primária prima por ensinar coisa nenhuma” by Millôr (impagável).
High
society, elite a flor da pele. Mamãe Montenegro, por certo não
ensinou assim. Vide a “professora” sofrida da Central do Brasil, que era a
escriba das cartas dos retirantes nordestinos, morando em São Paulo.
No filme, o elo de
ligação entre a vida da cidade e a do trabalhador sem capacitação para o
trabalho(analfabeto), utiliza-se dos serviços de uma senhora (papel de Fernanda
Montenegro), a qual cobra uns trocados e em troca escreve as cartas dos
retirantes nordestinos aos familiares que ficaram longe no sertão do agreste.
Muitas vezes, estas cartas não são entregues.
Porém, com aquele garoto, a personagem acaba se envolvendo, assumindo a história dele como se fosse sua; convive com ele, assume papel simbólico de mãe e juntos, como mãe e filho, após uma série de aventuras e peripécias, envolvimento emocional e sentimento de maternidade aflorando a cada passo, acabam retornando para a cidade de origem daquele garoto, onde ele reencontra seus familiares.
Porém, com aquele garoto, a personagem acaba se envolvendo, assumindo a história dele como se fosse sua; convive com ele, assume papel simbólico de mãe e juntos, como mãe e filho, após uma série de aventuras e peripécias, envolvimento emocional e sentimento de maternidade aflorando a cada passo, acabam retornando para a cidade de origem daquele garoto, onde ele reencontra seus familiares.
Como eu, que era escriba das cartas para meu vô Edésio,
em São Paulo, Guarulhos, que veio de Caraíbas, na Bahia, tentar a sorte na
grande São Paulo.Que Deus o tenha.
Acompanhando a autora em seus dizeres bonitos, sobre... “a
pátria de chuteiras, o quebra quebra generalizado, (a falácia dos) figurantes, o
APARELHAMENTO POLÍTICO DAS EMPRESAS ESTRATÉGICAS,” impossível resistir a
provocação.
Então eu comecei a pensar no que a professora primária
não ensina. Teorema de Pitágoras? Nãããão. O bóson de Higgs? Nãããão! As ligações
genéticas dos cromossomos humanos? Nããããõ.Estatística, estratégias geopolíticas
e demografia por m², a teoria de Malthus? Nããão.
Fórmulas químicas do “vestiba”? Nãããão. Identidade de
gêneros, antropologia? Também não. Leituras de hemograma? Paradigmas
emergentes? Pérolas inconsequentes?
Mais uma vez, um sonoro NÃO.
É... A professora primária professa a princípio o pior
primórdio da principiante preleção.
NÃO ENSINA NADA.
Ensinou a Patrícia, o Pedro e a Priscila, a ler e
escrever, alfabetização.
Depois disso, um sofrimento. Patrícia não parou mais de
falar, pequena flor da perifa de São Paulo, a saber, Guarulhos.
Então vem Fernanda e normaliza tudo. Normal.
_Acordai cidadãos! Professora primária não ensina nada!
A praça pede mais administração e menos política, diz
Fernandinha. Administração da elite,
reengenharia. Cada macaco no seu galho;
Mas que culpa tem a Educação se as suas vísceras, digo, entranhas
é política?
Mas as Fernandas e as Patrícias só escrevem porque uma
professora primária ensinou a elas as primeiras letras.
E isso é quase nada (?).
Fontes: Folha de São Paulo, 12/07/13
Nenhum comentário:
Postar um comentário