A opinião do autor demonstra que, quando se fala em ciência e fé, já se pressupõe
conflito. Um dos problemas entre o diálogo entre tais campos, é que se podem
assumir posições extremas em relação a qualquer um deles.
No decorrer da história,
temos o que se pode chamar de um extremismo dentro da ciência e outro dentro da
religião.
Vários cientistas apontam que a única forma de se entender a
realidade é através da maneira científica.
Marcelo Gleiser problematiza a questão quando se assume
posições extremas em qualquer uma dessas vertentes.
O conhecimento científico pode esclarecer todos esses embates
entre a Ciência e a Religião, afirma o autor.
Para alguns manifestantes ateístas, acreditar em Deus é um
Conto de fadas.
Para Gleiser, o ateísmo é acientífico.
“Particularmente, não
divido a posição extremista dos ateus. Penso que o ateísmo é, também, uma forma
de fé, porque se baseia, essencialmente, que há uma resposta indiscutível.
Contudo, o ateísmo é, na verdade, acientífico”, disse ao público.
Gleiser explicou que a
ciência funciona através do método empírico, com testes práticos realizados em
laboratório a fim de comprovar determinada teoria ou hipótese. Em ciência há
uma metodologia que prova, ou não, algo. A rigor, uma teoria funciona até que
uma evidência não caiba nessa explicação. ( Junges, Márcia, 2012).
Assim, o ateísmo, dentro do posicionamento inflexível, não é
compatível com um construto científico.
Nunca se provou a inexistência de Deus e nem a sua
existência.
A Ciência opera através da causa e efeito aristotélica que
lembra a fala de Boaventura Souza Santos, em seu texto sobre Paradigma
tradicional e Paradigma emergente.
Para a Fé, há uma realidade paralela, que se comunica com
esse mundo físico transcendendo espaço e tempo.
A comunicação desse mundo paralelo conosco se dá por meios imponderáveis
a nossa percepção.
Essa comunicação e seus resultados nunca passaram pela
legitimidade científica, da prova empírica e demonstrada.
A Metodologia da Ciência obriga a isolar o que se está
estudando daquilo que está ao seu redor.
A crítica de Gleiser recai sobre a tentativa dos cientistas em querer explicar
tudo, considerado por ele como prepotência científica, demonstrando um
esvaziamento do espírito humano.
Explicar tudo não é possível, em face da nossa limitação e do
tateamento das descobertas no campo científico.
Um autor importante para se considerar os limites da Ciência
enquanto campo de conhecimento em construção é Bachelard.
Para Bachelard, a ciência contemporânea não é um continuum, mas se pauta por um constante
recomeço por meio de rupturas e revoluções, que ocorrem historicamente pela
retificação daquilo que ele denomina de erros passados, tidos
como verdades, decorrentes do senso comum e da abordagem puramente empírica.
Paralelamente ao obstáculo epistemológico ocorrem os obstáculos pedagógicos,
que dificultam a formação do espírito científico no aluno. Em oposição à
atitude “não-científica”, há os atos epistemológicos,
que denotam o rigor e a ação do espírito científico na
construção do saber. Nesse processo, ocorre o diálogo entre o
empírico e o abstrato e ainda o diálogo do
sujeito cognoscente consigo mesmo, reformando-se no ato de
conhecer (Bachelard, 2004).
In “O pensamento científico em Bachelard”
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/514251-fe-e-ciencia-um-dialogo-possivel-um-debate-entre-marcelo-gleiser-e-michael-welker-
In “Fé e ciência: um diálogo possível? Um debate entre
Marcelo Gleiser e Michael Welker”
Santos, Boaventura de Souza. Um
discurso sobre as ciências. São Paulo, Cortez,
2003.
Disponível em:
Quem é Marcelo Gleiser ?
Marcelo Gleiser é graduado em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, mestre em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e doutor em Física Teórica pelo King’s College, em Londres. É pós-doutor pelo Fermilab e pela Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, nos Estados Unidos. Leciona no Darthmouth College, em Hanover, nos Estados Unidos. Tem uma vasta produção acadêmica, além de inúmeros artigos e livros publicados, dentre os quais citamos Cartas a um jovem cientista (Rio de Janeiro: Campus, 2007);Conversa sobre fé e ciência (São Paulo: Agir, 2011), escrito com Frei Betto; Criação imperfeita (Rio de Janeiro: Record, 2010) e A dança do universo (Rio de Janeiro: Companhia de bolso, 2006).
Marcelo Gleiser é graduado em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, mestre em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e doutor em Física Teórica pelo King’s College, em Londres. É pós-doutor pelo Fermilab e pela Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, nos Estados Unidos. Leciona no Darthmouth College, em Hanover, nos Estados Unidos. Tem uma vasta produção acadêmica, além de inúmeros artigos e livros publicados, dentre os quais citamos Cartas a um jovem cientista (Rio de Janeiro: Campus, 2007);Conversa sobre fé e ciência (São Paulo: Agir, 2011), escrito com Frei Betto; Criação imperfeita (Rio de Janeiro: Record, 2010) e A dança do universo (Rio de Janeiro: Companhia de bolso, 2006).
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