A coisificação do
humano em um viés sensual e capitalista
A fragilidade das relações familiares e de papéis sociais
está demonstrada em uma reportagem de revista Veja de Dezembro de 2012, p.72, onde
conta a história de Irina e de Eva.
Dos 4 ao 12 anos de idade, a mãe fez a filha posar nua, apenas com luvas e colares, mostrando as
partes pudendas.
Posteriormente, quando a mãe perdeu a guarda da filha, esta
foi morar em abrigos e depois foi adotada por Christian Loubotin, famoso
criador de sapatos.
A declaração resumida da mãe, em face das acusações e dos
dispositivos judiciários:
“Em outro tempo, em outra época, quando Eva nasceu,
eu gostaria que ela fizesse parte das artes performáticas, porque eu também
tinha vindo delas. Hoje isso é impossível”.
Situar a infância e seus atributos tem um aporte crítico
quando se lê a obra de Phillipe Áries “ a invenção da infância”.
A infância é, antes de tudo, uma invenção humana? Mas como
chamar esse período da vida onde as pessoas não tem autocontrole e nem
discernimento sobre seus atos?São guiadas por adultos que tem interesses
capitalistas sobre o corpo e as mentes desses infantis?
Há um filme chamado “My
little princess”s onde Eva conta sua história.
Hoje, atriz e diretora de cinema, produz dinheiro a partir
da divulgação da sua própria trajetória e odeia Irina.
O que faz, então? Uma auto-exploração de si mesma, da sua
imagem do que a mãe fez dela? Sobre esse prisma, como pode ter moral para
criticar a mãe?
Uma história para se refletir sobre papéis sociais e
moralidade dos sujeitos.
Transpondo tal situação para a vida real o que se vê são
lolitas em miniatura, de saiais e vestidos curtos, com estojos de maquiagem em
suas mochilas escolares.
O comportamento das crianças contemporâneas não admite
brincadeiras cândidas como as folclóricas e as tradicionais, pois as crianças
dizem que são chatas e coisas para bebezinhos.
Querem falar de coisas que até pouco tempo atrás seriam
destinadas aos adultos e proibidas para menores.
Algumas mães se
esmeram em produzir penteados, comprar roupas “da moda” para suas filhas e
geralmente, para algumas meninas, o período da escola é apenas para se instruírem
minimamente e o Ensino médio para muitas é um curso “espera marido”.
Não se minimiza a postura de Irina em sacrificar sua filha
no altar da sensualidade e da perversão sexual.
Mas é necessário refletir e deixar claro as delimitações
entre o público e o privado, controle sobre as manifestações sexuais e
sensuais, equilíbrio e apego as normas do Processo civilizatório.
Em tempos de
pedófilos, é importante que se mantenha na memória os papéis sociais e
as fases da vida, reservando para cada uma delas o que lhe é normatizado.
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