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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Saber que é hora de partir


PREVER O PRÓPRIO FIM




“Preste atenção no momento. Veja o que não verá mais. O material tirou-lhe o direito de viver”
Assim estava escrito no diário de uma menina que previu o próprio fim, registrado no Caderno Cotidiano da Folha de São Paulo, dia 22/10/2012.
Interessante quando temos essa capacidade. O de prever o fim da nossa existência aqui na Terra.
Todas as vezes que estamos perto da morte, o clima fica diferente e a sensação de angústia toma conta do coração.
Já começamos a prestar atenção nos detalhes, há tristeza e pesar.
Quando eu perdi um aluno, num  período de férias,  em uma  sexta-feira, a classe começou a falar da loira do banheiro.
Uma conversa sem precedentes.
Eu ralhei como de costume e segui com a aula.
Ele me disse:
__Acredito nisso ( a loira do banheiro), eu já vi. Vou até agora lá no banheiro para mostrar para a senhora que eu não estou  mentindo.Ela quer falar comigo e eu vou trazer o recado dela.
A sala, já as voltas com os afazeres, não prestou muita atenção no que esse menino disse e  no que ia fazer.
E ele pediu licença e saiu da sala.
Nisso, já ia entrando outra menina, atemorizada, que voltava do banheiro.
Estava com os olhos esbugalhados s e escorriam lágrimas dos seus olhos. Perguntei o que tinha acontecido e não quis me responder.
Quando o garoto voltou, ele estava lívido e falava coisas desconexas, sussurrando.
Para distrair a sua atenção, propus que tirássemos uma fotografia do último dia de aula antes das férias.
A menina que estava estranha, foi em sua direção, o abraçou com força e começou a chorar muito.
Ele a abraçou e beijou sua testa. Olhou-a longamente, em silêncio.
Tirei a tal foto, a garota que nem tinha tanta amizade com ele, quis ficar do seu lado.
Era a última fotografia que deve ter tirado em vida.
No final de semana faleceu, de um jeito muito corriqueiro.
São mistérios que envolvem coisas banais.
Mas faz com que se dê verdadeiro sentido para a nossa vida, breve, misteriosa e estranha.

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