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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Jogo de espelhos

Ainda penso que a mulher,por força da sua natureza quase infantil e do complexo de Electra ocupa uma posição subalterna no jogo do Amor e do Poder.
Homens, geralmente, tem entre eles uma fidelidade que os permite a disputar uma mesma mulher sem ter sua virilidade seriamente abalada, por razões que estão centradas na teoria freudiana, do poder do falo.
Carrego comigo um código de libertação que não é circunscrito ao poder falocrático e sim na doçura e na autoconsciência do valor que temos como força motriz da vida.
São idéias perigosas, que estão sendo geradas e que talvez possa influenciar a trajetória de mulheres conscientes de seu valor e que não se importem em disputar com as forças masculinas um espaço na sociedade mas que possam exercer uma feminilidade suave e um código de feminismo soft.
Libertar-se do "Complexo de Cinderela", talvez seja uma saída possível.
Para isso,para o despertar dessa consciência publico contos que mostram superficialmente o que está envolvido em um jogo amoroso.
Apostando sempre no renascimento da feminina integral e despida das mágoas que os relacionamentos com homens possam causar.
Sempre priorizando relacionamentos heterossexuais,valorizando o masculino,e a beleza do ser homem e do ser mulher, integrados e completos.

"Saber amar é deixar alguém te amar e perceber que o valor que temos para os outros é o que projetamos"...





Desafortunadamente, percebeu que as ilusões do amor nunca terminam. Sabia disso porque sua alma era jovem e eterna.
Sentia-o agora, dentro de si, exigindo espaço, atenção e carinho.
Incomodando, ciumento e possessivo, querendo ocupar espaços nunca antes habitados.
Não queria estar disponível, porque já quebrara a cara muitas vezes.
Precisava de uma certeza e essa certeza nunca conseguira vislumbrar no olhar enigmático que a fitava.
Ruborizava-se, atrevendo-se a levantar o queixo, abaixando as pálpebras para que ele não percebesse o quanto era frágil e subjugada a esse tipo de sentimento que ele lhe despertara.
Quando menos esperava, sentia as lágrimas queimando o seu rosto e seu coração partido implorava por consolo, alento, um alimento que ela não pudera provar ainda.
Para que chorar?
Talvez fosse o amor.
E se fosse o amor, seria como um mal do qual não se poderia  libertar-se totalmente.
Mas não era bom amar?
Esperava. Não era como sempre ouvira dizer?
Mulheres não tomam iniciativa.
Quando o olhava, assustava-se com a dimensão do que sentia e era tomada pela incerteza de que ele poderia saber da imensa onda de ternura e saudades que lhe fragilizava as pernas e ao divertir-se as suas custas, fazer gato e sapato dela,picadinho.
Tinha uma pureza de alma que nascia da ingenuidade de acreditar que nesse mundo hostil e contaminado por Thanatus ainda havia lugar para sentimentos ternos e delicados.
E se ele fosse um psicopata?
Afastava-se, tentando ignorar o que sentia. Mentindo para si mesma, tentando escapar incólume. Quanto mais fazia isso, mais se enredava.
Era um feitiço que havia sido lançado ou era hipnose para reduzi-la a esse amontoado de sentimentos confusos e estanhos?
Que tipo de manipulação era aquele?
Sentia-se como uma cobaia.
Era como se estivesse sendo analisada, dissecada, avaliada como um objeto de pesquisa.
E elementos reforçadores e diagnósticos precoces a transformava não num ser humano normal, com desejos e vontades, mas como uma máquina de sentir, mover, calcular, reduzir, valorizar, ganhar,perder, retornar, partir. Pulsões.
Como uma aranha gigantesca a enreda-la numa teia e fitá-la hipnoticamente, prendendo os seus frágeis e abduzidos ,membros,prostrando-a.
Roubando-a de si mesmo.
Era isso o amor? Essa desterritorialização?
Queria parar de sentir, ficar letárgica,voltar novamente para o seu mundo, seu universo particular do qual tinha imenso controle.
Mas algo lhe dizia que não, era presa,era caça, era brinquedo, era o novelo de lã .
Mas o dia que ele lhe ofereceu uma carona no seu carro reluzente , azul petróleo, ela sentiu-se como uma ovelha indo para o matadouro.
Tal sensação foi dissipada no momento em que, tocando sua boca, envolveu-se por um frenesi tépido, sufocada pelo carinho, pela urgência dele em senti-la, mesclando os dois corpos num só, em um abraço posse, protegendo-a, amando-a, realizando-a e ela sentiu que era aquilo que sempre procurara a vida inteira encontrara nos braços abrigo daquele amante que sabia mais dela do que ela mesma.
Totalmente perdida, envolveu-se ali e como se estivesse sob o efeito de uma droga poderosa, experimentou e provou , mordeu, ápice, alfa, ômega, mistura, prazer, paixão. Avassalador.
Mulher fraca. Mulherzinha.
Mulher objeto.
Nada era para sempre. Todas essas sensações foram apenas desejos e fantasias, sonhos e devaneios.
Dispensou-a na manhã seguinte, irresistivelmente másculo na sua barba por fazer, inconsciente do desejo no seu short branco.
Atendeu o celular, falando com aquela voz sussurrada e brincalhona com outra mulherzinha.
Abanando-a mão com descaso, estendendo uma nota de cinquenta reais,

E ela, envergonhada e sentindo-se suja,usada como um objeto,atravessou o quarto tropegamente e saiu pela área de serviço, consciente de sua desimportância e da sua posição de peça dejogo nesse tabuleiro da vida.
Era a vida, se fazendo,com seus códigos e linguagens,suas posses e valores, e o mundo girando em volta de si e a fazendo com que ela se fortalecesse a cada queda.
Era a polia, tirando lascas de sua alma e colocando-a no seu lugar.






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