A palavra da mulher
Grata surpresa encontrar Fernanda Torres na Ilustrada. Depois de entrar em ebulição com os artigos de Pondé, eu agora vou me deleitar com o que Torres escreve.
Muito perspicazes e pagãos todos os seus comentários sobre a história de José e seus irmãos.
Toca no ponto básico da história e das paixões humanas, movidas pela sensualidade feminina e pelo poder da vagina, que os deuses nos protejam.
Falar besteira é se comprometer com as agruras das críticas ao não civilizatório e falar de determinadas coisas não é tarefa de moças educadas e boazinhas.
Mas falar, se desculpando, que o que vai produzir é o que uma atriz que escreve e que não são confiáveis as suas escritas, e que vai procurar não envergonhar os seus pares e nem os seres do seu gênero.
Já é um aspecto do complexo de Cinderela. Se preocupar em agradar e não ferir.
Ora cara Fernanda, Pondé chega a se grosseiro com algumas palavras e mostra claramente que está bem situado no seu castelo, de homem branco e letrado, professor de Faculdade que combate os produtos da sociedade organizada, que apontam para uma ética e uma civilidade que realmente não existe.
“Contra um mundo melhor” é o seu último livro.
Você vai escrever para nós, suas leitoras emancipadas que sabemos muito bem o que querem as mulheres.
Então, seja você mesma esse misto de sensualidade e de intelectual, que ousa e cruza as pernas, mas continua a dizer, através da sua inteligência e sensibilidade que as mulheres não são bibelôs, prontas para serem comidas e usadas, mas seres que buscam andar ao lado dos homens e não atrás dos mesmos.
Saiba você que não basta a nós mulheres, descruzarmos as pernas e assumirmos a nossa sexualdiade e sensualidade e que sim, nós movemos o mundo com o requebrar dos nossos quadris, pois se até Hitler nasceu de uma mulher.
Lembre-se que já é tempo de pararmos de pedir desculpas por existir e escrever o que der na cabeça desde que o Grande Pai, o estado, nos permita.
Bem vinda.
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