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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lhufas, lhufas e lhufas

A responsabilidade feminina e o juízo de valores
Aborto e promiscuidade





Quando eu fui para São Paulo, participar da nomeação dos PEB I, ocorreu um fato muito triste e traumático.
Fui a uma padaria, tomar um lanche, com os poucos tostões me restavam ao pagar a passagem cara para Sampa.

Nisso chegaram dois garotos, maltrapilhos, de pernas inacreditavelmente finas. Eles me pediram comida.

Dei metade do meu lanche para eles, que me disseram não ter comido há dias e devoraram vorazmente o pequeno pedaço de pão com carne que eu lhes cedi.

O estômago embrulhou na hora. Dei a eles a batata, o refrigerante e tudo o que me restara.

Isso não me torna uma samaritana. Nem quero passar por boa e caridosa mulher.

Sei que aquele pedaço de pão pouco significou. Aquelas crianças precisam de muito mais do que isso.

O dono da padaria ralhou comigo e enxotou os moleques.

Disse que não era para dar comida aquele tipo de gente, se não eles não sairiam dali e ele perderia a freguesia.

Foi um mau pressentimento que as coisas em São Paulo não iriam  dar certo. E não deram.

Ao ver tanta miséria, logo vem aquele pensamento burguês de algumas pessoas: cortem-lhe a cabeça, como diria a rainha má da Alice, ou cortem o mal pela raiz.

Aborte, porque para nascer com tanta miséria, é preferível não nascer.

E assim postula-se firmemente em implantar a descriminalização do aborto no Brasil.

Mas o Brasil não está preparado para isso.

O Estado não pode se comportar como um grande pai burguês dando Citotec para a sua filha desmiolada que transou a noite passada numa orgia e está com medo de ter engravidado e nem sabe qual é o pai caso tenha ficado grávida.

Aprovar a lei do aborto é fazer um reducionismo tão grande da espécie humana e promover uma carnificina enorme em terra brasilis.

Assim como o Bolsa esmola promoveu o aumento de famílias brasileiras, (Dexá eu faze as conta: 40 pro Miguelzinho, 40 pro Joãozinho, 40 pra Mariazinha e se eu tiver o Pedrinho é mais 40. O Joca nem percisa trabaiá.)

O aborto aprovado vai promover uma superpopulação de mulheres grávidas em leitos hospitalares, esperando que um médico que não obedece ao juramento de Hipócrates, introduza uma agulha em seu útero para furar o pé do feto, e injete  nele uma substância química, provocando uma homicídio contra um inocente.

Banaliza-se a vida, introduz-se o mal no mundo. É revoltante.

Os absolutos universais, no campo da moralidade não adiantam grande coisa, já que há o livre arbítrio, e cada ser age de acordo com a sua conveniência.

Como diz Helio Schwartman , na Folha de 14/10, ... “As dificuldades surgem quando a religião se torna a justificativa para posições inegociáveis. Ao pautar a política por uma lógica espiritual, que opera com conceitos como o de pecado, o discurso religioso introduz absolutos morais em questões que não podem ser tratadas de forma maniqueísta e dogmática ao negar a própria política.”

Politizar o aborto, ancorar a sua defesa em bases cientificistas ou negá-lo com bases criacionistas, é reduzi-lo a uma dimensão de lutas ideológicas cujo suporte seja a questão de Valores.

Lhufas para o feto e o seu direito a vida e lhufas para os princípios políticos alicerçados nos ideais democráticos, construções humanas do processo civilizatório. (Não precisa apelar para a idéia do pecado).

Não se aborta pelo direito a vida e como diz Pondé, o feto não é da mãe , o feto é dele mesmo e aborto , passado o filtro da auto consciência, é o homicídio do inocente que não pediu para ser gerado.

Cada um age por si e que cada um seja responsável pelos seus atos.

De forma grosseira, posso dizer as mulheres que se previnam ou que fechem as suas pernas, não engravidando de forma irresponsável e não cometendo a covardia de matar o que foi gerado.

Louvável os nossos políticos mostrando o seu ethos religoso, mas seria mais louvável se eles fossem éticos e não desdissessem o já dito para angariar votos.
Isso é HIPOCRISIA.

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