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domingo, 11 de julho de 2010

Dialogando com as idéias de Haquira Osakabe

Dialogando com as idéias de Haquira Osakabe


(in memorian)



Novos desafios para os professores da Escola pública





Abandonar a estigmação dos sujeitos, a estereotipia, a identidade cristalizada.

Ver em cada aluno ou aluna, mesmo aqueles mais difíceis uma promessa de um bom profissional.

Padronizar os sujeitos, colocá-los como uma referência ruim na escola pública, se apegar aos postulados que se mantém pelas crises sociais de classe e corpo social na forma de preconceitos não é o caminho ideal.

Emílio Odebrecht, na sua coluna da Folha de São Paulo lembrou do grande poder das novelas sobre as massas.

E eu me lembro, nesse momento da responsabilidade de cada professor sobre a vida de seu aluno e aluna.

Creio ser certo incutir no aluno do 2º ano de Ensino Fundamental a idéia da utilidade do estudo e sua funcionalidade na vida do cidadão.

O preconceito, os estereótipos, a menos valia cognitiva do sujeito da baixa classe social muitas vezes representados pelos próprios professores também tem um grande poder.

A forma como recebo meu aluno é fator primordial para a sua inserção e permanência no quadro educativo.

Não cabe ao professor ou professora continuar insistindo na idéia do aluno ideal.

Nós lidamos com alunos reais e eles nos trazem desafios constantes.

Em questões de currículo, Haquira Osakabe fala de currículos estruturados como uma panacéia burocratizante.

A desigualdade social mostra a sua face perversa em um desses currículos estruturados.

O Projeto Ler e Escrever pressupõe comportamento leitor por parte da família das crianças.

Recomenda, num livrinho que as famílias levam para casa, que os pais e as mães leiam tudo junto com o filho.

No mercado, na rua, na padaria, no ponto de ônibus;

Fala de revistas, de jornais. Esse não é o Brasil que eu conheço.

Geralmente, o aluno desfavorecido economicamente sempre fica a margem desses projetos, no que tange o envolvimento de sua família na parceria família escola.

Uma das mães que atendi era analfabeta e mora na zona rural.

Para essa mãe, o livrinho do Projeto não vai ter efeito nenhum.

O filho dessa senhora, uma criança esperta, já domina a letra de forma e está aperfeiçoando a letra cursiva.

Não desenvolveu comportamento leitor ainda, pois não se interessa pela roda da leitura que é feita todos os dias dentro da classe e nem leva livros para ler em casa.

Faz parte da cultura familiar dele não valorizar os livros. Faz parte da escola ensiná-lo a valorizar.

E esse é o desafio de cada professor que admiti-lo como aluno.

Tal caso isolado não invalida a eficiência do Projeto.

Muito ao contrário.

Se pensarmos nessas famílias em que não ocorreu a inserção educacional, saberemos que a responsabilidade dos alunos vindos dessas famílias é dobrada.

Pois eu não posso contar com a parceria da família para instigar o comportamento leitor em seus filhos e filhas.

O comportamento leitor, a autonomia educativa, a importância do ler e do escrever deve ser responsabilidade da equipe de professores na escola.

São eles que devem orientar e não desistir dessa criança;



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