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domingo, 16 de maio de 2010

O padre que não era padre

De padres e professores


O PADRE QUE NÃO ERA PADRE



Oficiava missas, batizados, matrimônios e cerimônias. Atendia em uma Igreja elegante e bem classe média. Fazia sermões, rezava missas e comovia as beatas do local.

Então, repentinamente, constatou-se que não era Padre.

A Igreja publicou um aviso num mural, onde constava a seguinte advertência: O fulano não era padre e mesmo assim, todas as cerimônias realizadas por ele não perderia a validade. (Folha, 16/05);

O que conta é a boa fé das pessoas.

Se o mistério teológico, a fusão com o divino vem da boa fé das pessoas, o padre está com o seu prazo de validade vencido.

Lamentavelmente, o que se infere desse caso que o que conta é a paciência da população.

E as mentiras da Igreja Católica.

O tiro saiu pela culatra. Isso sim é impublicável.

A norma seria realizar todas essas cerimônias de novo. Por um legítimo padre.

Disse que não acredito em títulos. E não acredito mesmo.

Os seres humanos têm a capacidade do bem e do mal.

A mentira é uma arma do demônio.

Jesus asseverou que nos últimos dias viriam vários querendo se passar por Ele.

Dos padres legítimos e que fazem um bom serviço, tenho boas memórias.

Padre Fábio me encanta com seu discurso piedoso e com a sua arte de fazer uma política religiosa e divertida.

Não sei se tem esqueletos no armário. Provavelmente deve ter.

Daqui a um tempo, com a amizade abençoada com Chalita, que é outro ícone, sairá candidato a deputado.

Mas mesmo assim, vale o que divertiu, o que esclareceu, o que comoveu.

Vale o bem que fez. Valem as suas memórias.

Quem não tem esqueletos no armário?

Lembro-me que quando era criança, debaixo dos pés de manga, brincava de professora com minhas colegas.

E eu nunca podia ser a professora, pois a professora era a dona do sítio. Era sempre a aluna, por causa dos marcadores socais.

O fantasma da identidade cristalizada já me assombrava.

Então, sem querer, os caminhos da vida me levaram ao Magistério e a Pedagogia.

Hoje sou professora formada, mas mesmo assim, eu desejei por muito tempo, ser médica ou advogada.

E até preferia ser médica ginecologista ou pediatra, mas Deus, que me conhece, escreveu outra coisa nas linhas da minha vida.

E ser professora é um desafio constante.

Será que ser médica também o é?

Não considero o padre que não era padre um “pobre coitado”.

Considero que ele saiu atrás de seus sonhos e não pode realizá-los mas fraudulentamente foi algo que o Estado não legitimou.

Mas dentro dele, ele é padre.

Eu, ao invés de puni-lo o colocaria em uma escola de Padres.

Pois no tempo de Jesus, os discípulos foram chamados pela sua poderosa voz.

Não houve uma cerimônia secular.

E quando eu me aventurava a ser professora, debaixo dos pés de manga, a minha “aula” era recebida com pouco caso pelos meus “alunos”.

Até que um dia, eu ensinei uma conta de mais para a dona do sítio, que estava embaraçada com a soma de suas costuras.

Uma conta que a filha dela, professora eleita por nós, pela sua ascendência econômica, não conseguia fazer.

Então, nesse dia eu fui a professora, porque eu provei que sabia fazer contas de mais.

E matando um leão por dia, tenho que provar para meus pares que sou professora, que devem me aceitar, apesar dos meus marcadores sociais ainda terem um peso relevante na minha aceitação.

Acima de tudo, como disse Dona Ângela, sou uma Educadora.

Mão de ferro em luva de pelica.

E voltando ao padre que não era padre, quem não tem pecado, atire a primeira pedra.

Isso visto de um ponto de vista piedoso.

Mas sob o ponto de vista secular, merece punição.

E. eu sou professora? Céus! Uma professora que não era professora? Vejo meu nome nas manchetes;

Mas a UNESP me autorizou a ser Professora. A Dona do Sítio me autorizou a ser professora. Os alunos que eu alfabetizei me autorizaram a ser professora.

Os meus marcadores sociais me autorizaram a ser professora.


E a vida me ensinou a ser Educadora.

Melhor a educação do que a deseducação. Melhor o amor do que o ódio. Melhor a fé do que a descrença;

E meu título perante a autoridade de Jesus? È conquista dele, também.

Coloquem o falso padre em uma escola de padres. Jesus falaria isso.

Mas o mundo secular é que vai decidir;

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