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domingo, 6 de setembro de 2009

Uma outra realidade


Pobre proletário gera violência e criminalidade, eis a essência da opinião crua desse autor.E a quantidade de filhos está relacionada a baixa escolaridade da mulher.Bem, o que se sabe é que há uma candidata a reitora de uma renomada Universidade que tem seis filhos.e que eu, com superior completo, tenho quatro.

Como nunca pude contar com um plano de saúde,já que não acredito neles, as minhas cesarianas foram feitas pelo SUS.E também porque não tenho dinheiro para pagar um quarto 100% particular. Paguei o IAMSPE um ano e meio e quando eu precisei, fiquei na mão.

O SUS nunca me deixou na mão, ruim ou bom.

Então existem mitificações em torno de certas construções sobre o social.

Tenho algumas dificuldades para criar os meus filhos e filhas. Não possuo ainda casa própria.

O que me preocupa é que autores formadores de opinião divulgam essas idéias perigosas.A periculosidade dessas idéias é que o tratamento dado a famílias paupérrimas é o que aconteceu no mês passado: tratores entraram na parte miserável de uma favela jogando os barracos das pessoas no chão e destruindo os seus pertences.SEM AO MENOS AVISAR.
Crianças, velhos, mulheres e até um cadeirante estão ao relento sem comida,nem água, nem banheiro.Uma mulher que tinha acabado de chegar do trabalho resgatou dos escombros metade da carteria de vacinação de um de seus filhos.E o Datena, furiosamente, perguntava por uma assistente social ou por alguma ajuda da Prefeitura, gestão Gilberto Kassab.
Sabe-se que construíram outros barracos exatamente no mesmo lugar.Uma tristeza.

Uma bárbarie.

Quando a minha família veio de S. Paulo éramos sete: meus pais e cinco crianças, inclusive eu.

O que eu vivi em Sâo Paulo com minha família, não desejo nem para o meu pior inimigo.

Lembro da minha irmã Adriana que morreu pois passou da hora dela nascer, pelo mal atendimento de um hospital público em São Paulo.

Lembro do meu irmãozinho Irineu, morto aos seis meses de idade com pneumonia, pela precariedade do atendimento médico.

Era a prole da minha mãe, mas eram o meu irmão e a minha irmã,e eu os amava.

Pobre, sr. Dimeisnten, não gera violência, gera amor.

O que gera violência é a canalhice dos políticos e a falta de amor de uma sociedade excludente.

2 comentários:

s.rodrigues disse...

Esse senhor Dimenstein é perfeito representante da mentalidade social brasileira, um daqueles "das elite", que, apesar do discurso aparentemente simpático aos pobres, na verdade perpetua a forma preconceituosa de ve-los; e não admite que somos capazes, apesar da pobreza, de sairmos dela, se nos derem a mínima chance, pois que isso os incomoda profundamente. Se vêem exclusivos na sociedade e assim querem permanecer. Ele faz parte daquela camada da sociedade que somente quando incomodam seus bolsos é que saem às ruas fazendo protestos e pintando a cara, bradando pela corrupção e que tais.São incapazes de ver que, mesmo faltando um mínimo de condições para uma existência digna, ainda sobra espaço e consciência aos pobres para lutar da forma que sabem e podem. De fato, pobre não gera violência, gera amor.

Patrícia Rodrigues Ruiz disse...

Bem, se podemos contar com pessoas com essa mentalidade para nos orientar dentro de uma Universidade pública, então o meu emprego do Estado já foi embora.Eu me envergonho do fato de ser brasileira, de dizer que é a verdadeira educação que acontece nas escolas quando é lá mesmo que ocorre a marginalização das classes desfavorecidas.Teóricos dizem que a educação transforma a vida de uma pessoa para melhor. A parte prática é uma velha conhecida.