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domingo, 2 de agosto de 2009

Pensando gêneros, a costura da realidade



“...Portanto, é na busca em aprofundar discussões e analisar de modo mais rigoroso o processo de como se dá e porque se reproduz a invisibilidade da mulher no processo de produção do conhecimento histórico, que surge o conceito de “gênero como categoria útil de análise...”.

Na escola fala-se de reuniões de pais e não de mães. Quando chega a hora, só a mãe aparece. Então a professora fala:
__Boa noite a todos, vamos começar a Reunião de Pais;
Quando se encontra é um ou dois homens perdidos no meio de montes de mulheres que, entre outras coisas, afrontando a autoridade da mulher-professora, querem desculpar a incivilidade dos seus filhos.
__”Ah, mais homem é assim mesmo”.
São discursos que ocultam a mulher e não fazem justiça à sua apressada e preocupada presença ali.
Em recente ocasião, grávida de oito meses, fui agredida por um garoto em sala de aula, pois ele estava com indisciplina dentro da sala de aula.
Como fiquei desconcertada, apenas disse ao garoto que se algo acontecesse com o bebê que eu estava esperando, a mãe dele viria à escola responder e que o caso iria ser encaminhado para a Justiça no Fórum.
Falei sem pensar. A ocorrência passou, e eu não tive tempo de conversar com a Direção da escola.
Um problema particular me fez pedir remoção para essa escola, na qual trabalhava de substituta, apesar da gravidade do que tinha ocorrido.
Quando estava para ser aceita no quadro de efetivas da Unidade, a Vice-diretora lembrou à Secretária que eu havia dito aquilo ao menino e que a mãe dele tinha aparecido na escola, registrando tal fato na ata.
Sabedora de tal fato, a Secretária asseverou que eu havia cometido um erro grave, que não se fala de justiça e de seus procedimentos para uma criança e que eu tinha que ter tomado outra atitude.
Não fui aceita. Precisei ficar viajando de moto táxi entre uma escola e outra, atravessando a cidade até o nono mês de gravidez, pois eu só poderia continuar cumprindo meio período ali como substituta.
Também para evitar essas questões, eu fui convidada para trabalhar em Projetos ou na biblioteca da escola, longe da sala de aula e da violência dos alunos.
Não pude aceitar, pois eu gosto mesmo é da sala de aula.
Meninos agredindo meninas são bem freqüentes.
Houve um caso de uma professora que teve que ser muito rígida com um garoto pré-adolescente e no dia seguinte, a mãe do menino foi tomar satisfações e foi direto para a mesa da Professora, esmurrando-a no rosto.
Até onde sei, nada foi feito de forma eficaz.
Essas atitudes mostram que o problema da desigualdade feminina e da violência continua e tem ficado cada vez mais severo, porque o respeito dentro da sala de aula é muito escasso.
A mulher não está perdida só na História. Não existem histórias sobre mulheres nos livros didáticos. Pode ser contado nos dedos o número de vezes que surge uma mulher como um personagem histórico de relevância.
A mulher professora não tem a seu dispor uma autoridade que a proteja até mesmo da agressão de seus alunos e das mães deles dentro da sala de aula.
Aos meninos, ainda é dada uma educação onde se preservará a sua virilidade e ele como macho deve resolver tudo na base da força física.

A invisibilidade histórica da mulher se soma ao seu silenciamento, a opressão a que é submetida pelo fato de ser mulher e mulher professora, que muitos ainda chamam de “tia”.
Então, se tia é parente, irmã do pai ou da mãe, é família e a ela pode ser reservado um tratamento informal.
Gênero então é uma categoria útil de análise de forma que faz pensar , analisar se essa pseudo liberação feminina tem realmente protegido a mulher do legado secular de humilhações, opressões e silenciamentos;



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