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sábado, 23 de maio de 2009

Sobre as cotas raciais


O estatuto da igualdade racial propõe, na realidade, a legalização da discriminação no Brasil. A Constituição da República tece toda uma construção a respeito da igualdade social e racial, determinando que são objetivos, a erradicação da pobreza e da marginalização, e redução das desigualdades sociais e promoção do bem de todos, sem preconceitos: de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de discriminação. Uma das características mais importantes da sociedade brasileira é sua miscigenação. Aqui, ao longo dos últimos séculos, brancos, negros, índios, japoneses e asiáticos se encontraram e construíram no nosso país uma história de mistura e miscigenação, que é a nossa força.

O Brasil incorporou na sua sociedade a contribuição de todas as raças. Não nos diferenciamos como outras nações por nenhum tipo de preconceito. A rotina brasileira é a mistura entre todos e tudo. Quando vamos ao nordeste, ao sul ou ao norte, o que encontramos é um país mestiço. Não concordamos com o processo de racialização que tentam fazer no Brasil. Talvez, imbuídos das melhores das intenções, algumas pessoas têm se engajado numa luta para estabelecer essa racialização. Esse processo poderá construir um profundo fosso entre brancos, negros ,pardos e amarelos. Fosso esse que não existiu e não existe hoje, e que não pode encontrar por parte das pessoas de bem, estímulo e sustentação.

A Constituição brasileira já garante mecanismos de enfrentamento das questões da desigualdade. O que temos que fazer é combater pobreza. Somos todos a favor que existam programas de assistência e promoção aos pobres, mas não podemos esquecer que o mérito é o caminho. Um jovem, seja ele de qualquer tonalidade de pele, tem que ter o direito a ter escolas de qualidade e poder acessar uma universidade pelo seu esforço e pelo seu talento. Não é razoável se querer considerar que as pessoas de cor negra sejam pessoas que possuam limitações e precisem de cotas especiais para poder competir com qualquer outro brasileiro.

O Democratas tem uma posição muito clara. Queremos, sim, um Brasil para todos, onde a igualdade conquistada através da igualdade de oportunidade para todos, sem distinção. Se tivermos que fazer concessões, que sejam para dar acolhimento e condições de desenvolvimento para aqueles que são pobres, indiferente de cor. O que precisamos construir no Brasil é o resgate da pobreza. É nisso que precisamos aplicar o melhor dos nossos esforços. Programa sociais que tenham porta de entrada mas que conheçam portas de saída, que através do esforço individual, do mérito, de escolas adequadas, as pessoas consigam mudar sua história de vida. Este é o Brasil que queremos, um Brasil unido, igual e de oportunidade para todos. Um Brasil que caminhe em direção ao combate à discriminação. Conceder privilégios, como as cotas, representam um gigantesco retrocesso nas conquistas de nossa sociedade.

Não tem espaço, nesse momento da vida brasileira para a racialização, não tem espaço para a perspectiva de sermos divididos pela cor da pele. Não é esse o caminho que o Brasil deve seguir. Vamos lutar para que não existam "cotas de pele" para este ou aquele. Esse caminho pode interessar a alguns poucos que veem nisso a possibilidade de ganhar dinheiro ou destaque, mas pode colocar dentro da sociedade brasileira o ovo da serpente, da segregação e da luta racial, que é inexistente no nosso país e não deve ser permitido. Por um Brasil mestiço, unido e próspero. Essa é a nossa luta.

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