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sábado, 2 de junho de 2012

Escravilda e o caso dos cadernos desaparecidos


ESCRAVILDA E O CASO DOS CADERNOS DESAPARECIDOS

Pobre Escravilda!
A mamãe falou para ela ficar esquentando beira de fogão e de tanque para o resto da vida, porque o papai de Escravilda quando delirava,dizia que trabalhar fora é coisa de mulher sem vergonha.
Papai estava enganado, disso Escravilda sabia. Mulheres semvergonhas e comvergonhas existem em todas as repartições.
E num mundo como esse,é melhor ser semvergonha. Maria semvergonha.Uma danada de uma flor bonita e Escravilda gosta de flor.

Então, Escravilda lutou com unhas e dentes e pegou o seu afamado diploma de professora.
Entrou na escola pública e começou a conviver com professoras e professores de todos os tipos e naipes, e Escravilda,assim, assim,tentou se acomodar com as flutuações de gênios dos “colegas de trabalho”, até que os cadernos das crianças começaram a desaparecer.

De imediato, nossa sofrida personagem sabia que ela não tem culpa se as mães não educam os filhos e nem culpa das orelhas de elefante que as crianças deixam em seus cadernos.
Esses pecadinhos mínimos (caderno sujo e sem capa,livros rabiscados e rasgados )não são piores  do que desse aluninho da charge aí em cima.

Escravilda foi julgada e condenada até a última instância, mas quando descobriram que as crianças é que estavam escondendo os cadernos de tarefa, para não fazerem tarefa de casa, nem assim Escravilda foi absolvida.
A ela foi imputado o direito de não ter direitos, e ninguém mandou ela não ter adquirido os poderes onipotentes do todo Onipotente.
Escravilda sabia que alguém estava errado, mas ela havia sido advertida na Faculdade que “é melhor você tomar cuidado com o que fala” e “pare de incomodar mandando e-mails” e é “melhor engolir um sapinho do que uma lagoa inteira”.


Escravilda também era obrigada a varrer a sala e arrumar as carteiras, porque o varredor mor e a varredora mor não queriam encontrar a sala bagunçada.

Nem fica bem. É politicamente incorreto.
Escravilda também teve culpa quando uma coordenadora descoordenou suas arrumações e sumiu com sondagens diagnósticas das crianças de Escravilda, (tirando esse nome chique, sondagens diagnósticas é o bom e velho ditado).
Escravilda pensa em mudar de profissão. Tudo é culpa da professora.
Além de não ter uma alimentação decente e ter que comprar café, se quiser tomar.
”.(Quedê o dinheiro do fundeb pros tios e pras tias tomarem um cafezinho?);Tem até um “quejinho”  que o tio Ferdinando vende...Fica uma diliça com café.
Existe, no mundo de Escravilda, um processo seletivo chamado “QI”.
Nada a ver com quociente de inteligência, mas QI vem de QUEM INDICA.
Quem deixou esse cara e essa mina vir trabalhar aqui? O seu dotô? Ah...tá. Então tá bom.Oquei.
Parentes e aderentes da chefia.
E Escravilda navega diariamente em meio a tormentas mil, mas não esquece de rezar as reza do Mala Men.
Escravilda pira.Não sabe mais o que é certo ou o que é errado.
Mas de uma coisa,Escravilda não esquece: Ela um dia vai ter direitos, assim como tem deveres.
O dia em que darem aos professores e as professoras o direito de ter direitos, de parar com picuinhas, com ciúmes, o querer ser melhor do que os outros.
O dia em que pararem de ficar escrevendo mentiras e ainda chamando Escravilda para assinar (!!!??????).Quem produz provas contra si mesmo?
O dia em que pararem de vender uma imagem fake de Escravilda,logo ela que só pensa em Educação!
O dia em que se admita que todo mundo erra e o erro é parte importante do acerto e que se aprende com as experiências.
A começar pelo topo da hierarquia com esse comportamento errado.
Para o momento, Escravilda organiza tudo o que vê pela frente e sabe da imensa responsabilidade em ter crianças a seus cuidados.
Abdica da hora do intervalo (que bom que a Escravilda foi dado o direito de abdicar de algo), para ficar passando lição todos os dias no caderno de tarefas.
Mas as armadilhas continuam acontecendo. Chave quebrada, coisas que somem do armário, sala bagunçada ,caixas com sobras de eventos em cima dos armários da Escravilda que não pertencem a ela,até papel de bala.
E o grito onipotente :

ESCRAVILDA, VOCÊ É ERRADA!!!!


Talvez, um dia ela acorde e vê que tudo não passou de um pesadelo.
Mais no fundo,ela sabe que tudo isso terá fim e que não há ofício sem ossos.



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