Vila Mulher

Blog VilaMulher
O Portal da Mulher

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

SOS DEPRESSÃO EM ALTO MAR

SOS


Depressão em alto mar



Significativa a reportagem do Fantástico ontem, dia 23/11 sobre os atestados médicos falsos para que a polícia militar resolva problemas particulares, enquanto fica em casa, descansando, cuidando de seus afazeres e recebendo seu salário.

Vi muito disso: muitos atestados falsos entregues, pois era praxe segurar a sala de aula em São Paulo através de atestados falsos, até chegar a hora da remoção.

Posso provar? Não.

Remoção que só acontecia se a Diretoria de Ensino de Assis assinasse e achasse conveniente fazer.

Quando chegou a minha vez, na minha inocência, especulei que tipo de “doença” eu deveria alegar.

Fisicamente, eu estava normal. Mas psicologicamente, eu não andava muito bem.

Estava muito triste e deprimida por problemas particulares sérios e me sentindo sobrecarregada com a dupla jornada e os afazeres domésticos que sempre me esperam em casa.

Casamento em crise, filha chegando à adolescência com os seus problemas típicos,e eu, enfrentando a crise existencial em sair para as ruas lutando para mostrar qual era o valor daquela CNH tirada sábado e domingo, feita nas coxas, como se costuma dizer por aí.

Problemas no trabalho, síndrome de Bournot se avizinhando. Um trapo.

Nunca gostei do discurso de vítima.

Acho que apesar da minha saúde psicológica estar sofrendo tantos reveses, eu deveria continuar com a minha sala e fornecer aos meus educandos o suporte que em mim esperavam encontrar até o fim do ano. Meu compromisso era, em primeiro lugar, com os alunos.

Como assim? Pedir licença médica e ficar em casa até o final de ano, abandonando a minha sala de aula?

Não poderiam me  remover?

Não poderia concordar com isso.

Mas assim o fiz. Tentei apresentar atestado médico alegando depressão assinado por um clínico geral e tive que gastar quase quatrocentos reais para ir ao IAMSPE em São Paulo.

Lá acho que o perito pensou que era atestado falso, que eu não tinha depressão coisíssima nenhuma.

Como a culpa me corroia, marinheira de primeira viagem, resolvi segurar apenas meio período, pois ficar dentro de casa sem trabalhar, também não iria me fazer bem.

Não concordaram. Se eu não tinha saúde para trabalhar meio período, como trabalharia no outro?Não deram a licença. Bingo!

Surtei.

Comecei a ficar com náuseas, pois era muita palhaçada.

Sabiam que eu não podia ir para São Paulo e como funcionária efetiva, iria dar muito trabalho para eles.

Porque não me remover, e me colocar num cargo administrativo se não tinha sala para mim?Como assim?Não ter sala para mim? Corria a boca pequena que faltava PEB I com pedagogia, nessas plagas.

Como mãe de três filhos, não teria lógica abandonar aminha família e o meu itinerante esposo.

Não me removeram, Tomaram a minha sala de aula, não respeitando o contrato de 12 meses pelo artigo 22 e me mandaram para o olho da rua.

Mas quinhentos reais para ir a São Paulo, responder por processo administrativo por abandono de cargo.

Abandono de cargo??????!!!!!Logo eu, que sempre fui CDF.

Estou tentando lutar contra as perdas e danos, morais e materiais, e erguer a cabeça acima da depressão.

Sim, pois eu tenho depressão. É coisa de família. Certa vez, houve uma tentativa de suicídio.
Depressão não é um estado psicológico ou psquiátrico. São respostas químicas do organismo que obedecem a determinadas contigências.

Queria fazer uma denúncia, mas eu sei que como é jogo de cartas marcadas, nem a “TV Tem” toparia me ouvir.

(“...Ver TV a cores, na taba de um índio, programada pra só dizer sim...”).

Para me colocar a prova, nesse período que eles estavam tomando coragem para me dar um pé na bunda, eu engravidei.

Passei a gravidez inteira sem alimentação adequada e nem assistência médica de qualidade.

Recuso-me a pronunciar o que ouvi da ginecologista que fazia o meu pré natal.

Para laquear as trompas eu tive que pagar.

Com quatro cesarianas no currículo, o hospital não me operaria, iria deixar a madre propícia para produzir outro filho e quem sabe na quinta cesariana, eu morreria.

Talvez era a finalidade, o plano B.

Bem, essas coisas estão sendo expostas para que seja reconhecido que o que vale é a influência, os QI da vida.

E que a Educação e a Saúde, no Brasil, é um jogo de cartas marcadas.

Haddad,depois do rolo no SISU e no ENEM queria tirar férias. Vergonha absoluta.

Substitutos de deputados que trabalham dez dias, tem pensão vitalícia pela vida inteira.

Os justos veríssimos da vida vão mostrando que eles realmente odeiam pobres.

E os trabalhadores da Educação que torcem o nariz para uma professora ou professor mais escurinho ou pobrinho, como eu, são pobres diabos.

Pobres diabos a serviço de uma máquina que mói gente todos os dias, tirando a sua dignidade.

Pobre diabos a serviço de um político corrupto que nunca entrou numa sala de aula e não sabe o que é essa rotina, e condena a morte educativa milhares de jovens,que tem no coração apenas a esperança e a inteligência que teima em vicejar apesar das adversidades.

Flores nascendo em meio a lama.

Educadores e educadoras, uni-vos!

A Educação é um problema de todos nós.

Sejamos sérios, centrados, objetivos.

Quanto ao Fantástico, que os seus repórteres lembrem que licenças médicas tiradas nas coxas as vezes, é para suprir a ineficência da Máquina, que não consegue colocar seus funcionários de forma adequada.

Conheço um caso de um PM que se matou, pois quando foi para SP trabalhar, a mulher não resistiu e arrumou outro.

A sua licença médica foi negada. Alegação: depressão.

E eu, que vou lutando e remando o meu barquinho.

Não naufraguei, afinal de contas.



.



























Nenhum comentário: