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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Quanto mais religioso, mais pobre tende a ser um país

Onde coloco a minha fé?



Quanto mais religioso, mais pobre tende a ser um país. Essa frase de efeito inicia uma reportagem da Folha, hoje, dia 27/09.

Ao ler todos os detalhes e concordar com eles, me pergunto aonde eu ponho a minha Fé.

Fé é coisa particular, de intimidade com Deus, diria alguém.

Outro dia, fui a uma Igreja Evangélica, acompanhar minha cria que está totalmente envolvida nos mistérios da Fé da Igreja e o pastor iniciou o culto assim: “Hoje, na verdade, eu nem queria vir para a Igreja. Ficar em casa com a minha família, curtindo a minha casa, para mim seria um negócio melhor.”

E ele não continuou dizendo que teve uma inspiração sobrenatural que o motivou a ir aquela Igreja, pregar para almas desassistidas dos valores da sociedade de consumo, do qual faz parte.
Ele apenas falou algo que eu interpretei que ele  é um instrumento e não pode se dar ao luxo de fazer suas escolhas.
Instrumento de que? De sua fé, de seu salário, de Deus ou das ambições da Igreja?
Da  coisificação do sujeito?

E fiquei mais preocupada ainda com a minha cria.

Porque religião, espírito religioso é tão letal quanto um copo de cianureto.

Não quero falar mal de nenhuma igreja, mas a ideologia maldita da classe social e da cor da pele do sujeito viceja até dentro das igrejas e principalmente.

Sabe aquele cara bem sucedido, que tem um carro e se veste bem e que contribui financeiramente para a igreja?

Ele até é recebido melhor na igreja do que aquele senhor humilde, de pele escura que vive desempregado, pois não tem qualificação profissional, nem aprovação social para granjear um emprego que lhe renda a casa e o carro do ano.

Comovo-me com os salamaleques que os obreiros da Fé fazem a essas pessoas.

E me indago o que esses que detém maior capital estão fazendo dentro de um templo religioso.

Será que não perceberam que espírito ganancioso e religião não combinam?

Não foi á toa que Jesus disse que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.

E recebi a resposta do início do texto: Coloco a minha fé onde sempre esteve: dentro do coração.

Do meu coração que é consolado por Jesus, que me ajuda nos momentos difíceis, e não a contamino com as coisas do mundo.

Mas concordo que as religiões fatalistas, que pregam a pobreza e o desapego aos bens materiais geram pobreza e alienação, diminuem o acesso aos bens materiais do sujeito que se dispõe a segui-la.

E ainda ficam com boa parte da grana das pessoas humildes. Tem gente que deixa de pagar os seus compromissos para dar dinheiro a igreja.

Precisamos da Fé. Segundo alguns criacionistas, o sentimento religioso surgiu nos primórdios do mundo, e foi uma resposta inteligente do aparelho orgânico humano para vencer as adversidades que a própria natureza lhe impõe.

Ter fé, acreditar em um ser superior, é importante.

O que não é importante e nem necessário é a construção ideológica que alguns sujeitos fizeram do elemento religioso.

E isso também é bem práxico.

A práxis, a ideologia, a carência.Que nos tornam humanos, demasiados humanos, a ponto de precisarmos de Deus, ou mais especificamente de Jesus.



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