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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Palestra na escola


Surreal mesmo foi a palestra na escola..


Eu esquadrinhei cada espaço daquele recanto, e lembrei que me emocionava com a possibilidade de poder trabalhar ali;

E tudo dentro de mim foi morrendo, pois o que eu tanto desejei não foi realizado.

Tive a esperança de ser removida para o Grupão e acabei sendo removida do meu emprego.

E então um senhor respeitável, gerente de Banco aposentado, foi palestrando sobre a família.

Falou de tudo um pouco, da nossa responsabilidade enquanto pais de educarem os filhos e as filhas.

Dentro de mim, uma fagulha cintilou por um instante: ele disse: “Antigamente, quando um filho aprontava na escola, os pais ainda o castigavam em casa, hoje em dia, quando um filho apronta em casa, é o professor que é chamado na sala da diretora e é castigado, punido severamente”.

Bem, pelo menos alguém entende o que eu passei.

E lembrei-me da emoção quando eu vi a escola a primeira vez.que eu podia ter sido removida e que eu podia ter trabalhado ali.

Então, continuou:

...” A família é a célula mater da sociedade e quando os pais tem um problema gravíssimo para resolver, devem se dar os braços para atravessar aqueles trilhos difíceis”...

Bem, morri de vez.

Famílias são dissolvidas porque os homens tem se omitido e sobrecarregado as mulheres com fardos impossíveis de carregar.

Então, o amor acaba e não tem volta.

Amor é como cristal quebrado. Não tem conserto.

Alto lá, cara pálida.

Não se responsabiliza a mulher mãe de filhos, sobre a desagregação familiar, sobre o costume dos filhos de assistir Sílvio Santos, Ratinho e outros  da TV.

Não se responsabiliza a mulher, mãe de filhos sobre o costume dos filhos de jogar vídeo games violentos e acessarem a Internet no seu pior. Não em tudo, pelo menos.

E tinha uma senhora do meu lado que estava tão cansada que disse que não estava entendendo nada daquela palestra, será que era um discurso político?

E outro zoou um pouquinho:

__Aleluia, irmão!

E lembrei pela enésima vez que o povão não gosta de palestras difíceis e complicadas, o que o povo quer é Viagra e camisinha e uma cama bem quentinha para dormir com a TV ligada no folhetim da Globo, depois de ter feito uma ginastiquinha.

Fiquei com a sensação de que aquele senhor respeitável, mais uma vez, deixou nos ombros das mulheres toda a poluição do mundo em todas as suas formas.

E sai de lá mais triste do que entrei.

Então, até a história da Ilustrada perdeu a graça.

Ali também, até o foco das desventuras da personagem principal é culpa dela.

Até a lembrança do Tarcísio Meira evoca as vicissitudes da brasileira contemporânea, que é um olho ligado na novela da globo e outro nos lengas lengas da sua vidinha doméstica e cotidiana;

E me senti menor, porque o Estado me reduziu.

E bocejando, ao lembrar a relatividade das coisas, lembrei que o cronista da Folha está desatualizado ao falar de Tarcísio, o da moda mesmo é Rodrigo Santoro ou Bruno Galiasso.

E ri por dentro, pois os senhores ao fazerem palestras ou crônicas lembram daqueles museus que quase ninguém lembra.

Então, deixa eu atualizar o meu Lupicínio Rodrigues.

E tem certas pessoas que deve atualizar Dolores Duran. Shakira, Rihanna, Maria Gadú serve melhor aos propósitos contemporâneos.

E sai dando risada pois a vida é uma comédia.

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