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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A solidão necessária e o escriba


Homenagem a Walcir Carrasco, tecelão de histórias e pensador livre, que ama a solidão... 



Às vezes, pode-se estar em meio a muitas pessoas e, no entanto, sentir-se só. Essa solidão mostra falta de interação com as outras pessoas que pode vir de diversos motivos, dependendo da história de vida do sujeito e das experiências que teve.
Tais afirmações são simplistas, oriundas do senso comum.
Mas nesse momento, estou falando da solidão necessária de pessoas introvertidas que tem um mundo interior bem amplo e que gostam de meditar ou escrever, pensadores livres.
Essas pessoas são valiosas, porque escrevem a história do mundo, dos sentimentos  e das idéias, do conhecimento sócio histórico adquirido, da ciência e da tecnologia.
Sem essas pessoas nossa história comum, de seres humanos comuns ficaria perdida e jamais saberíamos os fragmentos da história cotidiana de cada um que influiu, com seus pensamentos  e ideais na construção do mundo das idéias, da energia psíquica que se transforma em matéria.
Não gosto de determinadas passagens do ano, pois sentimos obrigados a sair da solidão abençoada que instrui o processo criativo e sentirmos ou representarmos uma falsa alegria, confraternizando com pessoas que fazem parte de nossa família ou que não conseguimos estabelecer pontes de conhecimento e afinidades, ignorando os conflitos que aconteceram durante o ano inteiro.
A única coisa que permanece como memória vívida, segundo estudos psicológicos, é a história de sofrimento de cada um. Pode-se perdoar, mas nunca esquecer.
O princípio do perdão é indispensável, mas não significa que ao perdoarmos, podemos ignorar o mal que essa pessoa pode nos trazer, ao confundir nosso perdão como tolice de gente que não se dá ao valor.
O escritor de histórias  é um pensador livre que traz para o mundo real, personalidades que existem em sua imaginação ou na sua realidade ou que podem estar no mundo espiritual e precisa que sua história seja revivida como ensinamento.
Nem todas as histórias precisam ter final feliz. Pois sentimentos, como a felicidade é um estado imaginário que nos permitimos sentir de vez em quando, pois a vida é isso: tristezas, dissabores, decepções, alegrias, gratidão e reconhecimento.
Alguns pensadores livres são pessoas estranhas, que preferem a solidão.  muitas vezes, tristonhas, pois veem o mundo de forma diferente, lendo a alma das pessoas  e não querem ser como a massa: querem manter a sua integridade, respeitando seus limites. Aprendem a perdoar, mas identificam as pessoas tóxicas, vampiros de energia psíquica e procuram evita-las para que seu padrão de energia básica seja mantido.
Admiro essas pessoas, que para mim, são as mais valiosas. O ponto de equilíbrio do mundo, pois  conseguem registrar sentimentos e acontecimentos para o sentido e o significado de cada experiência ou sinalizar para que se abram novos caminhos, novas estruturas , pois sinto que se a nossa evolução biológica já chegou ao seu final, nosso processo de percepção do mundo e suas dimensões está no início.
O escriba é valioso, como também é valioso o leitor e o processo de leitura e escrita para fins didáticos se formam com esses elos: escrever e ler, ler  o que se escreve.

Mas para escrever, é necessária a solidão, necessária e bendita, para que as idéias possam fluir e tecer a colcha de retalhos da vida, também chamados de fragmentos.

(Não quero holofotes, quero a solidão e o silêncio de pensar e aprender )

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